Beirute (Agência Fides) - A crise interna que surgiu dentro da Igreja sírio-ortodoxa depois das acusações de “traição da fé” dirigidas por seis metropolitas contra o Patriarca Mor Ignatius Aphrem II, provocou, no momento, a suspensão a divinis de dois Bispos, e para os outros quatro foi proposto subscrever até 30 de abril uma carta de desculpas e arrependimento por suas escolhas feitas no passado, consideradas devastadoras para a comunhão eclesial. As medidas foram tomadas durante a assembleia extraordinária do Sínodo, realizada na residência patriarcal de Atchaneh, no Líbano, de 14 a 16 de março de 2017, e foram lidas nas igrejas sírio-ortodoxas do mundo durante as missas celebradas no domingo, 19 de março. Os dois metropolitas suspensos são Sewerios Ishak Zaka e Eustatius Matta Roham. Este último, conduziu por um tempo a arquieparquia síria de Jazirah e Eufrates. Foi para a Europa no final de 2012 e não retornou mais a seu país dilacerado pela guerra.
Antes do Natal de 2013, um comando de homens encapuzados invadiu a sede metropolitana de Qamishli e encenou um ato de rejeição ao Prelado, filmado e divulgado no youtube. Os membros do grupo leram um comunicado em que se apresentavam como porta-voz do “povo cristão” e acusaram o Arcebispo de ter fugido enquanto seu povo era submetido a sofrimentos e ameaças.
Os seis Metropolitas que entraram em conflito com o Patriarca (veja Fides 18/2/2016) divulgaram em 8 de fevereiro uma declaração em que afirmavam que o Primaz da Igreja sírio-ortodoxa não merecia mais o título de «defensor fidei», já que, em sua opinião, tinha semeado dúvidas e suspeitas no coração dos fiéis com declarações e gestos «contrários aos ensinamentos de Jesus Cristo, segundo o seu Santo Evangelho». Entre os gestos apontados contra o Patriarca de “traição da fé” há também o de ter levantado o Alcorão. As acusações dos seis Metropolitas contra o Patriarca provocaram a resposta compacta dos outros 30 Metropolitas e Vigários patriarcais sírio-ortodoxos. Num comunicado, divulgado em 10 de fevereiro, os trinta Bispos definiram como «rebelião contra a Igreja» as acusações dirigidas ao Patriarca de ter se afastado do «dogma cristão ortodoxo». (GV) (Agência Fides 22/3/2017)