ÁSIA/ÍNDIA - Fórum cristão ao governo: é preciso proteger os locais de culto e a vida das minorias

Quarta, 3 Maio 2017 liberdade religiosa   minorias religiosas   hinduísmo   diálogo   política   igrejas locais  

Nova Délhi (Agência Fides) - É preciso proteger a vida, a segurança pessoal e os locais de culto da comunidade cristã indiana: é o que afirma um relatório intitulado “Minorias às margens: liberdade de religião e comunidade cristã na Índia”, elaborado por uma rede de organizações da sociedade civil, congregações e Ongs e apresentado às Nações Unidas. Entre as entidades presentes no fórum que redigiu o texto, estão: Franciscans International, VIVAT International, Congregação de São José, Pax Romana, Irmãs da Federação da Caridade, Sociedade de medicina católica missionária e outros parceiros. As ongs têm a finalidade de sensibilizar o Conselho da ONU para os Direitos Humanos em vista da revisão periódica que diz respeito à Índia, prevista para maio de 2017. A “revisão periódica” é um mecanismo do Conselho da ONU para os Direitos Humanos que visa monitorar a situação dos direitos humanos em cada um dos 193 Estados-membros das Nações Unidas.
Como apurado por Fides, o Fórum dos grupos cristãos elaborou o relatório depois de uma série de pesquisas realizadas em várias partes do país. O documento se concentra sobre o estado da liberdade religiosa de que goza a comunidade cristã na Índia. Entre os redatores, estão dois católicos: pe. Ajaya Kumar Singh, sacerdote e ativista para os direitos humanos em Orissa, e John Dayal, jornalista.
“O governo indiano deveria garantir que a vida, a segurança e os locais de culto da comunidade cristã fossem protegidos dos ataques e que eventuais agressores sejam perseguidos segundo o direito penal”, afirma o relatório, auspiciando “uma ação legal rigorosa” contra todos os que alimentam discursos de ódio com a intenção de encorajar violências contra a comunidade cristã.
O relatório desmente as supostas atividades de proselitismo ou o crescimento exponencial dos cristãos na Índia. Segundo o Censo efetuado no país em 2011, os hinduístas representam 79,8% (966 milhões), os muçulmanos 14,23% (172 milhões), os cristãos 2,3% (27 milhões), os sikh 1,72% (20 milhões ), os budistas 0,7% (8,4 milhões), os jainistas 0,37% (4,4 milhões), enquanto outros cultos menores, como parsos e judeus, constituem 0,6% (7,9 milhões), numa população total de mais de 1,2 bilhão de pessoas.
Os dados, ressalta o relatório, mostram que não existe nenhuma modificação significativa das proporções da comunidade cristã dentro da população indiana, em relação ao censo precedente de 2001. Os Estados com vastas comunidades cristãs são Meghalaya, Mizoram, Nagaland, Goa, Kerala, Jharkand, Chhattisgarh, Odisha, Isole Andamane e Nicobare Islands, não obstante exista fiéis cristãos em quase todos os Estados da Índia.
A comunidade cristã na Índia não é homogênea e seus membros pertencem a várias confissões religiosas. Muitas comunidades tribais e indígenas chamadas “advasis”, originalmente animistas, se converteram ao cristianismo, assim como os dálits, para fugir do sistema opressivo e discriminatório de castas, típico do hinduísmo. No contexto atual, a população cristã indiana é formada em grande parte por dálits e cristãos tribais.
O relatório fala também do contexto político atual na Índia, da vulnerabilidade das minorias religiosas, do status dos cristãos tribais e dálits, da condição das mulheres cristãs, das cerimônias de
"Ghar Wapsi" ("retorno a casa", conversões ao hinduísmo) e das leis anticonversão. O texto apresenta uma série de recomendações que o Conselho da ONU examinará e passará ao governo indiano. (SD-PA) (Agência Fides 3/5/2017)


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