Buenaventura (Agência Fides) - “Buenaventura não suporta mais os acontecimentos do momento, precisa de soluções estruturais para problemas estruturais. Nada de algodão para estancar as feridas, temos de agir”, disse Dom Héctor Epalza Quintero, P.S.S, Bispo de Buenaventura numa entrevista ao jornal "El Tiempo", depois de mais um fracasso do diálogo entre manifestantes e Governo sobre a greve geral dos trabalhadores do porto. Na sexta-feira, 19 de maio, houve manifestações violentas e toda a cidade e o porto de Buenaventura foram paralisados.
O bloqueio de todas as instituições da cidade para protestar contra a falta de serviços da parte do governo central começou na segunda-feira, 15 de maio, de modo pacífico, mas determinado. O hospital fechado e a insegurança da população foram os principais pontos das manifestações que a cada dia levaram trabalhadores e cidadãos para as ruas da cidade até sexta-feira 19, quando se desencadeou um vandalismo sem precedentes. A polícia e a intervenção do Exército resultaram necessárias para restabelecer a calma depois de um grande número de lojas terem sido devastadas e saqueadas. O prefeito e a prefeitura impuseram o toque de recolher e a calma voltou apenas no dia seguinte.
"Os Bispos do Pacífico e o Arcebispo de Cali, num comunicado, reiteraram o apoio e a solidariedade para com a população de toda a costa do Pacífico de Quibdo e Buenaventura, que tem sido tão marginalizada, porque lhe foram feitas tantas promessas e apenas algumas foram cumpridas", confirmou Dom Epalza na mesma entrevista. Perguntado se ele acredita que continuará o diálogo, Dom Epalza respondeu: "Depende, se desta vez o governo enviar funcionários capazes de tomar decisões nas negociações, então será possível continuar."
O porto de Buenaventura é fundamental para a economia do país, em apenas cinco dias de greve parou o fornecimento de 11 milhões de toneladas de mercadorias para todo o país. Sem mencionar as mercadorias que devem ainda ser descarregadas dos navios, porque não há mais lugar no porto. A situação começa a preocupar até mesmo os empresários e empresas de transporte para a entrega. (CE) (Agência Fides, 22/05/2017)