Lusaka (Agência Fides) - “Não se deve usar a polícia para o acerto de contas políticas”. É a advertência feita pela Conferência Episcopal da Zâmbia (Zambia Conference of Catholic Bishops -ZCCB) após a brutal prisão do líder da oposição, Hakainde Hichilema, acusado de traição por ter interditado o cortejo de veículos do Presidente Edgar Lungu.
Em 11 de abril, a polícia prendeu Hichilema invadindo à noite a sua casa, derrubando a porta e jogando bombas lacrimogêneas.
Os Bispos lamentaram a violência desproporcionada e inútil na prisão de Hichilema. “Não existia uma maneira mais civil e profissional para levá-lo à delegacia e notificar as acusações?” afirma a declaração da ZCCB, assinada pelo Presidente, Dom Telesphore George Mpundu, Arcebispo de Lusaka.
Hichilema, líder do United Party for National Development (UPND) foi derrotado com uma pequena diferença de votos pelo Presidente Lungu nas eleições presidenciais de 11 de agosto 2016 (veja Fides 24/8/2016), caracterizadas por um clima tenso antes e durante sua realização. Várias vezes os Bispos haviam denunciado este clima de violência no país (veja Fides 1/6/2016). A prisão brutal do principal líder da oposição, segundo a declaração de Dom Mpundu, simplesmente aumenta o atrito entre os aliados do partido do Presidente Lungu e os do UPND. “Condenamos o péssimo costume segundo o qual os partidos assumiam o poder e logo usavam os serviços da polícia para acertar suas contas políticas e impedir seus rivais de se organizar para promover sua campanha política, impondo assim sua própria visão ao país”.
“É sempre a mesma estória, de um governo para outro, e este não é exceção”, frisa a declaração que se encerra criticando o sistema judicial para “deixar que o país afunde, sem se opor às manobras políticas e à corrupção”. (L.M.) (Agência Fides 27/4/2017)