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Jerusalém (Agência Fides) - A Quaresma é “um caminho de conversão” e “um novo início, uma estrada que conduz a uma meta segura: A Páscoa da Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte”. O Patriarcado Latino de Jerusalém, neste momento delicado de sua história, é chamado a uma mudança, a partir novamente, depois de que “foram cometidos erros que feriram a vida do Patriarcado, financeiramente e administrativamente, sobretudo em relação à Universidade Americana de Madaba”. Este é um trecho da carta escrita com espírito de paresia autêntica pelo Arcebispo Pierbattista Pizzaballa OFM, Administrador apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, endereçada a todos os membros da diocese administrada por ele. Uma mensagem, difundida também através dos meios oficiais do Patriarcado, que toma o título da Segunda Carta de São Paulo Apóstolo aos Coríntios (“Temos este tesoura em vasos de argila”), e que no início do caminho quaresmal, oferece a ocasião a Dom Pizzaballa de expor com clareza alguns motivos que, em 15 de julho passado, levou o Papa Francisco a nomeá-lo Administrador Apostólico. “Durante 170 anos”, lê-se na carta de Pizzaballa, “este Patriarcado teve um papel importante e tem ainda hoje na vida dos cristãos da Terra Santa. As nossas paróquias, as nossas escolas e muitas outras nossas instituições contribuíram muito para a vida dos cristãos nessas terras e reforçaram o nosso testemunho em Cristo e Sua ressurreição da morte. Todavia, todos nós sabemos que a nomeação de Administrador Apostólico, que não vem do clero do Patriarcado Latino, foi uma decisão inesperada, e chegou como uma surpresa para muitos. Isso nos leva à conclusão de que não está tudo bem. De fato, foram cometidos erros que feriram a vida do Patriarcado, financeiramente e administrativamente, sobretudo em relação à Universidade Americana de Madaba. Erramos em alguns âmbitos importantes, talvez não nos concentrando muito em nossa primeira missão: pregar o Evangelho e nos dedicar às atividades pastorais”.
O Arcebispo Pizzaballa se refere ao fato da Universidade Americana de Madaba (American University of Madaba, AUM), Ateneu afiliado ao Patriarcado Latino de Jerusalém que o Papa Bento XVI abençoou a primeira pedra em 9 de maio de 2009, e que foi inaugurada em 30 de maio de 2013 na presença do Rei Abdallah II. No final de 2014, a Santa Sede teve de intervir e se encarregar dos problemas administrativos e financeiros que marcaram a construção e o início da instituição acadêmica.
Uma Comissão ad hoc, instituída pela Secretaria de Estado, tinha por sua vez confiado a um Comitê local de administração, presidido pelo Arcebispo Giorgio Lingua, Núncio apostólico na Jordânia, a tarefa de “acompanhar e coordenar de perto, até julho de 2015, os trabalhos da Universidade”.
Sobre os problemas e as emergências vividas pelo Patriarcado Latino, o Administrador apostólico Pizzaballa quis se confrontar, no final de fevereiro, com todos os sacerdotes do Patriarcado. A carta do Arcebispo Pizzaballa contém várias referências àquele encontro mantido com o clero do Patriarcado, realizado na Casa da Visitação das Irmãs do Rosário em Fuheis, na Jordânia, onde houve “profundas e significativas discussões sobre o nosso amado Patriarcado, sobre nossa vocação e missão, mas também sobre os erros que nos levaram a uma situação crítica, sobretudo financeiramente”. O Arcebispo destaca que chegou “o momento de iniciar o trabalho de reforma, reconstrução e renovação em alguns setores da nossa administração, mas não só”. Convida sobretudo a “nos concentrar ainda mais nas nossas atividades pastorais”, evocando a decisão de “abrir, por exemplo, novos escritórios diocesanos para o trabalho pastoral que coordenem e unifiquem o nosso serviço pastoral à comunidade”. “Nós, bispos e padres do Patriarcado”, reconhece o Administrador apostólico, “estamos entre os pecadores que imploram a misericórdia de Deus e pedem a graça da conversão. Os nossos erros e os nossos juízos errôneos estão claramente diante de nossos olhos, como diz o Salmista. Devemos admitir que somos como vasos de argila rompidos. Muito nos foi confiado, mas na nossa fragilidade humana, deixamos que muito fosse perdido. Por outro lado, sabemos que o Senhor usa vasos frágeis como instrumentos providenciais no Seu plano de salvação”. (GV) (Agência Fides 4/3/2017).