Morona Santiago (Agência Fides) – "Expressamos a nossa profunda preocupação e denunciamos os recentes eventos que envolvem a população Shuar do Equador, na província de Morona Santiago, em especial a remoção de colonos, indígenas e camponeses da comunidade Nankints em prol dos interesses da empresa minerária chinesa Ecuacorrientes SA": essas são as palavras da nota enviada a Fides pela REPAM (Rede Eclesial Pan-amazônica).
"Camponeses e indígenas compartilharam este espaço por um longo período de tempo. O conflito atual está claramente ligado à política de exploração dos recursos naturais que foi imposta na região amazônica com a concessão de direitos a grupos da iniciativa privada, com a grave violação dos direitos humanos e contra a proteção dos ecossistemas", continua a nota.
"Pedimos que os direitos sejam respeitados (em especial o de consultar antes, de modo livre e informado, os residentes), o respeito pelo diálogo razoável, o fim imediato e o não repetir-se de um estado de emergência que favorece um contexto de maior confronto e violência, dar prioridade aos interesses das comunidades que viveram nesses territórios ao invés dos interesses extrativistas externos".
Em 12 de janeiro, o governo do presidente Correa prorrogou por 30 dias o “estado de emergência” por causa do conflito entre a comunidade Nankints e a sociedade minerária chinesa Exsa. Segundo a imprensa equatoriana, o estado de emergência serve principalmente para militarizar a região, invadir as casas dos camponeses ou proibir encontros de todo gênero. Nos primeiros dias de janeiro, houve confrontos entre habitantes e soldados com o resultado de um militar morto e muitos residentes detidos.
A Confederação Nacional dos Indígenas do Equador (CONAIE) denunciou que não existem provas contra os camponeses pelos atos de violência ocorridos em dezembro de 2016 e em janeiro de 2017. "A prorrogação do estado de emergência por 30 dias é um sinal claro de provocação e da incapacidade do governo de resolver os problemas de modo pacífico. O que o Estado fez foi eliminar os direitos da comunidade", se lê no comunicado da CONAIE.
(CE) (Agência Fides, 17/01/2017)