Campala (Agência Fides)- “A situação foi administrada de modo irresponsável seja pelo reino de Rwenzururu, seja pelo governo”, afirmou pe. Timothy Ssemogerere, Secretário-Executivo da Comissão Pastoral-Litúrgica da Conferência Episcopal de Uganda, comentando os confrontos que opuseram polícia e exército ugandenses à “guarda real” de Omusinga (Rei) Charles Wesley Mumbere. O sacerdote convida todos ao diálogo para resolver a situação. Uganda é uma república presidencial, mas uma lei de 2008 reconheceu o reino tradicional de Rwenzururu como “instituição cultural”. Isso significa que o rei não tem qualquer poder político nem judiciário ou policial.
Entre sábado e domingo, 26 e 27 de novembro, polícia e exército invadiram o palácio real de Mumbere, depois que, segundo as autoridades de Campala, uma patrulha de militares foi atacada na cidade de Kasese, por parte de um grupo de guardas reais. No confronto em Kasese, morreram 16 policiais e 44 civis, em grande parte pertencentes à guarda real. No ataque sucessivo ao palácio real, morreram outros 46 membros da guarda. Pelo menos 149 pessoas foram presas, entre as quais o próprio rei Mumbere, acusado de acolher e proteger rebeldes em sua cidade natal de Kasese.
Os confrontos se espalharam pelos vilarejos da região, e o número de vítimas poderia ser muito mais alto. Pelo menos 25 corpos foram encontrados em alguns vilarejos.
Amnesty International denunciou as execuções extrajudiciárias da parte das forças de segurança. A região de Rwenzururu se encontra no oeste de Uganda, no confim com a República Democrática do Congo, e no passado contou com a presença de alguns grupos separatistas.
O governo de Campala acusa Mumbere de apoiar os separatistas que querem criar a “república de Yiira”, que deveria incluir a população de Bakonzo (a de Mumbere) e todos os que vivem no confim com a RDC. O governo acusa os separatistas de imprimir uma moeda própria e cobrar taxas em algumas partes da área. Mumbere se declarou contra o Presidente Yoweri Museveni nas eleições presidenciais deste ano. (L.M.) (Agência Fides 1/12/2016)