Argel (Agência Fides) - O declínio acentuado dos preços do petróleo (primariamente petróleo, além de gás, cujo custo é relacionado ao primeiro) corre o risco de repercussões sociais e políticas sobre aqueles países cuja fonte principal de renda são as exportações energéticas. Um deles é a Argélia, cuja economia, recorda uma nota enviada à Agência Fides pelo ISPI (Instituto para os Estudos de Política Internacional), é “uma espécie de monocultura do hidrocarbureto idrocarburo, onde a indústria vale cerca de 30% do PIB, 95% das exportações e 60% das entradas fiscais”.
A nota sublinha que “graças às entradas provenientes da venda no exterior de energia e royalty pagos pelas empresas estrangeiras, o Governo argelino guiado pelo Presidente Bouteflika pode financiar um “pacto social” com a população e reconstruir o país depois da guerra civil dos anos 90. Com a renda proveniente do petróleo e do gás pagou-se de tudo: investimentos em infraestrutura e moradias populares, subsídios para o consumo de energia elétrica, combustível, água e gêneros alimentícios, salários de funcionários públicos, importações de bens de manufatura etc”.
Este mecanismo entrou na crise com a baixa de preços do petróleo, que comportou “o forte declínio das entradas provenientes das exportações de petróleo que caíram de cerca 60 bilhões de toneladas em 2014 para 35 bilhões em 2015. Não obstante um aumento parcial da produção e das exportações de gás nos últimos meses, a ulterior diminuição do preço do petróleo registrada entre dezembro e janeiro supõe que as entradas em 2016 serão ainda menores, provavelmente em torno de 30 bilhões de dólares.
A deterioração da economia, com a redução consequente da capaciade do Estado de comprar a paz social, se acrescentam as incertezas no plano político. O presidente de quase 80 anos Bouteflika não aparece em público há meses e muitos se perguntam se não morreu”, afirma a nota. “Fricções e constrastes são evidentes entre o grupo estreito do presiente e a elite economica e militar argelina. O êxito destas manobras não é certo. Enquanto isso as margens de manobras para o país se diminuem e se nada não mudar nos próximos meses, o não aumento das cotações do bruto nos próximos anos irá impor escolhas políticas drásticas”, conclui a nota. (L.M.) (Agência Fides 21/4/2016)