Nova Délhi (Agência Fides) – Gerou um intenso debate na Índia a notícia publicada por alguns jornais, de que o grupo nacionalista hindu “Rastriya Swayamsevak Sangh” (RSS, “ Corpo Nacional de Voluntariado”) pretende iniciar um caminho de aproximação e diálogo com a Igreja Católica e grupos cristãos. De acordo com informações que circulam, Indresh Kumar, membro do Conselho Nacional do RSS, declarou querer “construir pontes de boa vontade com as comunidades minoritárias”, como cristãos e muçulmanos na Índia.
O RSS é um grupo presente em todo o país responsável por atos de violência, destruição, assassinatos e massacres de cristãos. Animado pela ideologia do hindutva que propaga “uma Índia exclusivamente hindu”, visa eliminar os vestígios de outras religiões.
Dom Sarat Chandra Nayak, bispo de Berhampur, estado de Orissa, disse em um comunicado enviado à Agência Fides: “A Igreja deve entrar em diálogo em todos os níveis para garantir a justiça e a paz. O diálogo serve para dissipar dúvidas e receios. Igreja não é apenas o clero; cada fiel deve ser um promotor do diálogo. Temos de manter a nossa porta aberta”.
Outro líder católico, que prefere o anonimato, explica à Fides: “O RSS é responsável por muitos ataques contra cristãos ao longo das décadas. No entanto, os fiéis cristãos não abandonaram sua religião. Agora, o RSS pode iniciar uma estratégia de cooptação, e, em seguida, golpear no momento apropriado. É preciso ser muito cautelosos”.
Dhirendra Panda, um ativista de direitos humanos em Bhubaneswar, em Orissa, palco de grandes massacres anticristãos perpetrados por militantes hindus, disse à Fides: “Abrir um diálogo com RSS lhes daria legitimidade indevida, penalizando as instituições e organizações leigas e democráticas. Se os cristãos se aliarem ao RSS, criar-se-iam divisões nas comunidades cristãs e muitos pensadores e intelectuais independentes seriam marginalizados. Isto é basicamente o que o RSS quer”.
Wilfred D'Costa, membro do Fórum Social da Índia, que trabalha para a harmonia social e religiosa, explica: “O RSS é uma organização política com a ideologia fascista que quer apagar ou fazer perder sua identidade aos outros. Não tem nada de espiritual ou de natureza religiosa; usa a religião como uma máscara. Dialogar com uma organização violenta e militante como o RSS significa brincar com fogo. A Igreja deve se unir com pessoas que acreditam nos valores de laicidade e democracia, para reforçar a tolerância e a harmonia”.
(AK-PA) (Agência Fides 26/01/2016)