Medan (Agência Fides) – Do mal pode nascer o bem. Da tragédia, esperança e nova vida. É esta a mensagem que a província de Banda Aceh (no norte da ilha de Sumatra), destruída em 2004, lança do Haiti, atingida pelo sismo de 12 de janeiro. Segundo as cifras oficiais, no Haiti se registram 112 mil mortos, 196 mil feridos, 2 milhões de pessoas carentes de assistência humanitária de base, entre elas duzentos milhões de órfãos.
Em Aceh, o tsunami de dezembro de 2004 devastou o território, deixando 160 mil mortos e mais de 500 mil deslocados, arrasando inteiras cidades e povoados. Aceh era definida “província rebelde”, lugar de movimento terrorista e separatista. É província indonésia onde desde onde desde 2020 está em vigor a xariá, que preocupa os não muçulmanos.
Cinco anos do desastre, hoje Banda Aceh, capital da província, é o símbolo do "triunfo sobre o tsunami”, um lugar onde a qualidade de vida é alta, onde se respeita a harmonia inter-religiosa, onde "existe um renascimento que oferece esperança a todo o mundo, especialmente às pessoas do Haiti" – disse à Agência Fides Dom Antonius Sinaga, OFM Cap, Arcebispo de Medan, a principal cidade do norte de Sumatra. O tsunami deu impulso para um novo início.
Dom Sinaga sublinha à Fides: “As pessoas hoje são muito abertas, humanamente e socialmente. Banda Aceh se tornou uma cidade internacional e da tragédia do tsunami renasceu uma cidade muito diferente. Existe grande reconhecimento pelas ajudas do exterior, sobretudo, dos Estados Unidos e dos países europeus, chamados "países cristãos" que permitiram a reconstrução de mais de 140 mil casas".
Graças às ajudas, num valor de mais de 6,7 bilhões de dólares, foram reconstruídas 1.700 escolas, 996 edifícios públicos, 36 aeroportos e portos, 3.800 mesquitas, 363 pontes e mais de 20.000 quilômetros de estradas. "Compreende-se porque hoje os cidadãos dos países doadores são chamados amigos ou irmãos" - ressalta o arcebispo.
“As melhorias são visíveis: a cidade é pacificada em todos os níveis. Não existe tensão social, nem inter-religiosa, e o clima político é muito favorável. O bem-estar social e econômico e melhor em outras áreas de Sumatra” - continua o Prelado.
“Os cristãos vivem livremente e em tranqüilidade. A Igreja Católica instaurou um ótimo relacionamento com o governo e com as autoridades civis, num clima de diálogo e sereno confronto. Também as relações com os líderes muçulmanos locais são melhores" – disse o arcebispo, assegurando também do ponto de vista xariá.
“A lei islâmica, em vigor na província, não constitui um problema: as autoridades, os meios de comunicação, os tribunais repetem que ela é válida para os cidadãos muçulmanos e que os fiéis de outras religiões podem viver livremente. Deve ser dito que é muito claro no âmbito oficial, enquanto em nível popular, sobretudo, nos povoados remotos e culturalmente tradicionalistas, que não entraram em contato com a modernidade – a situação é mais difícil e existem restrições que muitas vezes causam problemas à população".
Por isto, alguns grupos ativos para a tutela dos direitos humanos, como a ONG indonésia “Kontras”, denunciaram "a violação dos direitos humanos e da legislação estatal indonésia, na aplicação das punições previstas pela xariá".
“Não obstante tudo, as condições sociais da população e dos cristãos (4.000 fiéis sobre 3,5 milhões habitantes de Aceh) melhoram notavelmente" – ressalta o arcebispo – e existem boas expectativas. Certo, a Igreja Católica não é ainda autorizada a criar novas obras sociais, como escolas e hospitais, mas as esperanças aumentam. A nossa intenção de abrir uma clínica em Aceh, o governador nos disse para apoiar este projeto, mas que pensava de adiá-lo para outro momento, quando o clima cultural e social de Aceh permitisse. "Acredito que aquele momento esteja chegando" – concluiu dom Sinaga. (PA) (Agência Fides 9/2/2010)