ÁSIA/INDONÉSIA - “Há diálogo e amizade inter-religiosa em Sumatra”, diz à Fides o Arcebispo de Medan

Sexta, 5 Fevereiro 2010

Medan (Agência Fides) – Não há tensão inter-religiosa no norte da ilha de Sumatra, após os recentes episódios de violência contra duas salas de culto protestantes. “São episódios raros, ocorridos em circunstancias específicas. Nos últimos cinco anos, a situação em Sumatra – de modo especial, na província de Aceh – melhorou muito, social, humana e religiosamente”: foi o que disse, numa entrevista à Agência Fides, Dom Antonius Sinaga, OFM Cap, Arcebispo de Medan, Arquidiocese metropolitana referente para as outras duas dioceses do Norte de Sumatra, Padang e Sibolga.
“Não estou preocupado com as relações inter-religiosas, sobretudo entre cristãos e muçulmanos: aliás, estou confiante. Os episódios isolados de violência anticristã (sobretudo contra denominações protestantes) dependem de fatores contingentes e não são conseqüência de uma onda de ódio. Por exemplo, o último incidente (duas salas de oração de uma comunidade pentecostal incendiadas em Pandang, no norte de Sumatra), foi causa do incitamento de um líder muçulmano radical que veio visitar a província e de um grupo de fanáticos que o seguiu. O caso foi condenado por numerosos líderes muçulmanos locais”.
O importante, destaca o Bispo, é a política do governo local: “Em nível público, o governo local em Sumatra fez a sua parte e defende a idéia de uma sociedade pluralista, como ocorre em nível nacional, no respeito do Pancasila, cinco princípios mor da nação indonésia, que garantem a liberdade aos fiéis das comunidades religiosas reconhecidas”.
É verdade que uma forma de controle e de pressão sobre o crescimento das comunidades cristãs protestantes é exercida. Negando ou prolongando muito o tramite das licenças para a construção de novas igrejas; também a “visibilidade” das liturgias cristãs das denominações pentecostais suscitam por vezes, reações de pequenos grupos fundamentalistas islâmicos, que temem o proselitismo cristão.
Além disso, no Norte de Sumatra, uma potencial situação de conflito é a situação no contexto da comunidade de etnia batak, que vive principalmente no sul da província de Aceh: esta comunidade inclui cristãos e muçulmanos, e existem fortes pressões pela conversão ao islamismo dos batak cristãos, na tentativa de realinhar os dois fatores, grupo étnico e religião. Mesmo considerando este cenário e tal complexidade de elementos, como ressaltam à Fides fontes da Igreja na Indonésia, “ocorre recordar anos dolorosos e não muito distantes (ver o final dos anos 90) em que as igrejas queimadas a cada ano na Indonésia eram um fenômeno preocupante e atingiam cifras muito altas: cerca de 800 igrejas incendiadas ou atacadas entre 1996 e 2000, ou pensemos à violência anticristã perpetras nas ilhas Moluscas e Sulawesi e entre 1999 e 2001. Desde então os passos avantes são evidentes”.
Além disso, as maiores organizações islâmicas indonésias – como Muhammadiyah (cerca de 30 milhões de seguidores) e Nahdlatul Ulama (cerca de 40 milhões de seguidores) – condenam parecidos episódios. Também grandes e influentes meios de comunicação deploram a violência, como mostra o último editorial do Jakarta Post, intitulado “Stop Church burning”. “A alaviação complexa da harmoni inter-religiosa em Sumatra e em toda a Indonésia – conclui a fonte de Fides – é então positiva e esperamos em contínuas melhoras”. (PA) (Agência Fides 5/2/2010)


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