Nova Délhi (Agência Fides) - A Caritas Índia multiplica seus esforços para combater a chaga do trabalho infantil no país. De acordo com os dados do Censo de 2011, o número total de crianças que trabalham (entre 5 e 14 anos) no país é de 4,3 milhões, marcando uma redução em relação aos outros 12 milhões registrados pelo Censo de 2001. Um relatório Unicef de 2017 afirma que, sobre o número total de crianças trabalhadoras, o percentual de crianças de 5 a 9 anos aumentou proporcionalmente de 15% em 2001 para 25% em 2011. De acordo com a Caritas Índia, o problema das crianças que trabalham e não frequentam a escola “é ainda um problema crítico. Por isso, um país como a Índia deveria ter envergonhar”.
Na Índia, o fenômeno do trabalho infantil está interessando setores de trabalho não estruturados, tanto em áreas rurais quanto urbanas. Segundo Fides, a Caritas Índia apoia um programa no distrito de Darjeeling no Estado de Bengala Ocidental, que visa alcançar o objetivo de “Child Labor Free”.
“Se for bem sucedido, pela primeira vez na Índia os esforços conjuntos do governo e da sociedade civil alcançarão esse objetivo. O projeto poderia salvar pelo menos 45 crianças trabalhadoras graças à colaboração do Gram Panchayat (“Conselho Local” que governa os povoados)”, disse à Fides Anthony Chettri, responsável pelo Programa da Caritas Índia. “Toda criança trabalhadora se for salva e curada, pode se sobressair na vida. A Caritas Índia acredita que, como nação, temos de assegurar a infância para um futuro melhor do nosso país”, disse Chettri.
A Igreja Católica na Índia, em suas diversas articulações como dioceses e congregações religiosas, faz um grande esforço para enfrentar o problema do trabalho infantil no país, particularmente em termos de resgate e reabilitação das crianças trabalhadoras.
A Índia registrou um número de pequenos trabalhadores entre os mais elevados no mundo. Em Andhra Pradesh, ressalta a Caritas, há cerca de 400.000 crianças trabalhadoras, principalmente meninos de 7 a 14 anos, que trabalham de 14 a 16 horas por dia na produção de algodão. No distrito de Bellary, em Karnataka, nas áreas urbanas há uma elevada taxa de emprego infantil no setor têxtil. Um problema crescente é usar as crianças como trabalhadoras domésticas nas áreas urbanas. A entrada de empresas multinacionais no setor industrial gerou a disseminação do trabalho infantil. E as leis que tem o objetivo de proteger as crianças são ineficazes ou não devidamente aplicadas. As condições em que as crianças trabalham (muitas vezes sem comida e salários muito baixos) configuram situações de escravidão. Há, então, casos de abuso físico, sexual e emocional dos trabalhadores domésticos.
A pobreza e a falta de segurança social – observa a Caritas - são as principais causas do trabalho infantil. De acordo com o “Centro para os Direitos da Criança”, a maioria das crianças que trabalham pertencem às castas mais baixas e a famílias pobres.
Portanto, o fenômeno deve ser intimamente relacionado às políticas de desenvolvimento social e econômico do governo indiano. (SD-PA) (Agência Fides 19/5/2017)