Nairóbi (Agência Fides)- “A incapacidade demonstrada pela maior parte dos partidos políticos de conduzir eleições limpas e transparentes demonstra a fragilidade do sistema político queniano às vésperas das eleições gerais de agosto.” É o que afirmam os Bispos do Quênia, numa declaração enviada à Agência Fides, na qual expressam fortes preocupações pelo clima de tensão que atinge o país.
Os Bispos notam que as eleições primárias conduzidas por cada partido para escolher os candidatos a apresentar às eleições de agosto foram caracterizadas por manipulações, tensões e violências. “Temos partidos políticos que não são capazes de administrar de modo organizado e pacífico a democracia interna”, afirma o comunicado. Uma situação que poderia significar que as eleições de agosto podem ser marcadas por desordens e violências. Temores compartilhados pelos observadores internacionais e por turistas estrangeiros que estão abandonando o Quênia, notam os Bispos.
Não obstante o apelo à oração por eleições livres e transparentes lançado pela Conferência Episcopal durante o período quaresmal (veja Fides 4/2/2017), está emergindo portanto o pior lado da política queniana: corrupção, manipulação do tribalismo e das etnias e utilização de grupos violentos que recrutam os jovens desempregados. Tudo isso enquanto o Quênia deve fazer frente à pior crise alimentar causada pela seca das últimas décadas. “Uma desgraça que os próprios líderes, que se supõe deveriam estar empenhados em fazer frente à seca, são os mesmos que desperdiçam os escassos recursos disponíveis para comprar votos. A cultura da avidez e do egocentrismo está agravando uma situação já difícil. Os quenianos estão à beira do desespero”, denunciam os Bispos. (L.M.) (Agência Fides 3/5/2017)