Yaoundé (Agência Fides) - Dura 50 dias o black out da internet imposto pelo Governo de Yaoundé contra as áreas anglófonas da República de Camarões (noroeste e sudeste do país), que está causando problemas para a população local e grandes perdas econômicas.
A medida foi tomada para tentar bloquear os protestos que desde a metade de novembro passado perturbam as duas províncias anglófonas (no total 10) dos Camarões que é um país francófono. Os manifestantes pedem a aplicação plena do bilinguismo estabelecido pela Constituição que permaneceu somente no papel. Os habitantes anglófonos afirmam que se sentem discriminados em relação à maioria francófona do país. Desde novembro, mais de 100 pessoas foram presas depois de confrontos entre manifestantes e Polícia. Os protestos foram guiados por estudantes e professores que afirmam que nas áreas anglófonas devem ser enviados professores que falam inglês e não francês. Junto a eles estão advogados que contestam não somente o uso do francês nos tribunais, mas também reivindicam a aplicação da British Common Law, como era nos tempos dos Camarões britânico.
A raiz da crise vem da divisão entre França e Grã-Bretanha da então colônia alemã depois da Primeira Guerra Mundial. A parte francófona se tornou independente em 1960 enquanto a anglófona em 1961. Esta última com um referendo estabeleceu se unir aos Camarões francófono.
O Presidente Paul Biya enviou às áreas anglófonas o Primeiro-ministro, Philemon Yang, para tentar mediar até agora sem sucesso. Durante sua missão, foi incendiada a Faculdade de Medicina da Universidade de Bamenda, capital do noroeste e fortaleza do movimento de protesto.
As tensões com a parte anglófona do país não impendem as autoridade de Yaoundé de receberem novas ajudas para o desenvolvimento, fornecidas pela Grã-Bretanha, num total de 150 milhões de Francos CFA. Considerando o seu bilinguismo, a República de Camarões faz parte ao mesmo tempo do Commonwealth britânico e da Organisation Internationale de la Francophonie. (L.M.) (Agência Fides 9/3/2017)