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Cairo (Agência Fides) - Também “o judaísmo e o cristianismo possuem uma história de violência”, e todas as religiões são cúmplices de atos de violência e homicídios. Assim, o xeique Ahmed al Tayyib, Grande Imame de al Azhar, reiterou que a ligação entre religião e violência não marca somente a história do Islã, mas também os caminhos históricos das outras duas ‘Religiões do Livro’. Al Tayyib fez tais considerações durante a conferência sobre “Liberdade e cidadania, diversidade e integração”, organizada no Cairo na Universidade de al Azhar, prestigiosa instituição teológica e acadêmica do Islã sunita que reúne altos representantes islâmicos e cristãos para refletir também sobre a convivência entre as comunidades religiosas no Oriente Médio.
O Grande Imã de al Azhar, em seu pronunciamento, fez uma referência explícita às Cruzadas, mas também às recentes guerras balcânicas e às violações sofridas naquele contexto pelos muçulmanos bósnios, e refutou a tendência de colocar somente o Islã no “banco dos acusados” pela violência de matriz religiosa. “Distanciar as religiões do terrorismo não é mais suficiente diante dos desafios da barbárie que temos à nossa frente”, ressaltou al Tayyib, evocando a responsabilidade dos líderes religiosos, fazendo notar que as diferenças entre si “não têm qualquer motivo de existência”, e que “se a paz não se realiza entre os que a pregam, não poderá nem mesmo ser transmitida aos outros indivíduos”.
Em várias ocasiões, inclusive o Papa Francisco rejeitou a equação entre violência e islã. Disse o Bispo de Roma em 31 de julho passado, durante a coletiva no voo de retorno da viagem apostólica à Polônia: “Eu não gosto de falar de violência islâmica, porque todos os dias, quando folheio os jornais, vejo violência, aqui na Itália: um que mata a namorada, outro que mata a sogra... E estes são católicos batizados violentos! São católicos violentos... Se falasse de violência islâmica, deveria falar também de violência católica. Nem todos os islâmicos são violentos; nem todos os católicos são violentos. É como uma salada de frutas: há de tudo, há violentos destas religiões. Uma coisa é verdade: creio que, em quase todas as religiões, há sempre um pequeno grupo fundamentalista. Fundamentalista. Nós o temos. E, se o fundamentalismo chega e mata – mas se pode matar com a língua (isto não o digo eu, mas o apóstolo Tiago), e também com a faca – penso que não é justo identificar o Islã com a violência”. (GV) (Agência Fides 1/3/2017).