Osaka (Agência Fides) – Será no dia 7 de fevereiro, em Osaka, a solene cerimônia de beatificação de Justo Takayama Ukon (1552-1615), o "samurai de Cristo", personagem muito querido pela Igreja japonesa. É o que anuncia à Agência Fides o Bispo Isao Kikuchi, SVD, que administra a diocese de Niigata e presidente da Caritas nipônica, acrescentando que a data foi oficializada em acordo entre a Conferência Episcopal do Japão e a Santa Sé. Papa Francisco assinou o decreto de beatificação em janeiro de 2016 e a Igreja japonesa se preparou durante um ano ao evento, pedindo que fosse celebrado em terras nipônicas. A Santa Sé aprovou a solicitação e será o Card. Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, a presidir a celebração que, como anunciado será transmitida no Japão pela TV, ao vivo. A Conferência Episcopal, encerrada a fase diocesana do processo de beatificação, havia apresentado em agosto de 2013 a documentação necessária à Congregação para as Causas dos Santos.
Dentre os muitos santos na história da Igreja no País do Sol Levante (42 santos e 393 beatos, inclusive beatos europeus), todos mártires mortos "in odium fidei" durante diversas ondas de perseguições, o caso de Takayama é uma figura especial: se trata de um leigo político e militar (feudatário e samurai) que alcança a glória dos altares sem ter sido morto por ter optado pela sequela de Cristo, pobre, obediente e crucifixo. Ukon renunciou a uma posição social de alto nível, à nobreza e à riqueza, para permanecer fiel a Cristo e ao Evangelho.
Nascido em uma família de latifundiários, Ukon se convertee ao cristianismo com 12 anos, entrando em contato com missionários jesuítas e seguindo seu pai. O Evangelho havia sido introduzido no Japão pelo jesuíta Francisco Xavier em 1549 e se difundiu rapidamente. Quando o shogun Toyotomi Hideyoshi subiu ao poder e proibiu a prática do cristianismo, todos os grandes feudatários aceitam a disposição, com exceção de Ukon. Perderá suas propriedades, seu cargo, seu status social, honra e respeitabilidade. Torna-se um vagabundo e é forçado ao exílio. Com outros trezentos cristãos japoneses, foge para Manilha onde, depois de quarenta dias da chegada, doente, morre em 4 de fevereiro de 1615.
Os fiéis japoneses proclamam sua santidade desde o XVII século, mas a política isolacionista do país impediu aos investigadores canônicos reunir as provas necessárias para comprovar a sua santidade. Somente em 1965, o seu caso foi reassumido pelos Bispos japoneses que, unidos, promoveram sua causa de beatificação.
Sobre a sua vida, foi realizado o documentário "Ukon o Samurai: o caminho da espada, o caminho da cruz", produzido pela "Aurora Vision" com o patrocínio do Pontifício Conselho da Cultura, a colaboração da Embaixada do Japão junto à Santa Sé, da Conferência Episcopal do Japão, dos Jesuítas da Itália, da "Trentino Film Commission”.
Como logotipo da beatificação do Servo de Deus, foi escolhido o desenho da Irmã M. Ester Kitazume, das Pias discípulas do Divino Mestre. O logotipo reproduz as sete estrelas redondas no brasão da família de Takayama, com a crua e os três anéis. As sete estrelas indicam a família de Ukon, mas também os sete sacramentos e os sete dons do Espírito Santo. A cruz é o sinal da oferta de vida de Ukon. (PA) (Agência Fides 20/1/2017)