Bujumbura (Agência Fides) - O Presidente Pierre Nkurunziza rumo a um quarto mandato? É o que deixou a entender o próprio Chefe de Estado burundinês, quando ao responder a uma pergunta, abordou a possibilidade de modificar a Constituição para obter o quarto mandato em 2020.
“Vocês se lembram que eu anunciei que não me apresentaria nas eleições em 2020” iniciou Nkurunziza. “É verdade, eu o havia anunciado, em respeito a uma decisão da magistratura. Mas os tribunais não estão acima do povo e nem da Constituição. Se o povo autorizar alguém a representa-lo, se for o povo a pedi-lo, eu não trairei a sua confiança”, declarou Nkurunziza.
O mandatário já obteve um terceiro mandato, desrespeitando a Constituição e os acordos de paz de Arusha, fazendo o Burundi precipitar na pior crise política dos últimos 10 anos, que provocou até agora pelo menos 500 mortos e 300 mil desalojados internos e refugiados no exterior. Nkurunziza citou alguns exemplos africanos de “Presidentes perpétuos”, como Paul Biya nos Camarões e Yoweri Musevani da confinante Uganda, deixando a entender que gostaria de seguir o seu caminho.
Um mês atrás, o Conselho dos Ministros decidiu a criação de uma comissão de revisão da Constituição depois que o Conselho nacional de diálogo interno havia afirmado que a maioria dos participantes queria abolir o limite constitucional de dois mandatos presidenciais. O Conselho do diálogo interno é um órgão do qual participam os partidos da maioria e apenas alguns da oposição. A maior parte da oposição está excluída do diálogo e seus líderes fugiram para o exterior. (L.M.) (Agência Fides 4/1/2017)