Taquara (Agência Fides) – Na madrugada de 15 de janeiro, indígenas do povo Guarani e Kaiowá retomaram mais uma parte de seu território tradicional na Terra Indígena (TI) Taquara. A área retomada, sobre a qual está sobreposta uma fazenda, é conhecida pelos indígenas como Lechucha e integra a tekoha – lugar onde se é – Taquara, localizada junto ao município de Juti, no Mato Grosso do Sul (MS). Durante o dia, indígenas relataram ter recebido ameaças de homens armados em caminhonetes.
A nova retomada aconteceu dois dias depois de o assassinato do cacique Marcos Veron, morto em 13 de janeiro de 2003, completar 13 anos. Marcos foi uma liderança histórica da TI Taquara, responsável por liderar os Guarani e Kaiowá de volta à sua tekoha, em 1997, após anos aguardando a resposta do governo aos pedidos de identificação e demarcação de sua terra.
A nota enviada a Fides pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário) informa que, atualmente, o território aguarda a homologação da área pelo governo federal. Os estudos de identificação da terra tradicional iniciaram em 1999, e em 2010 o Ministério da Justiça publicou a Portaria Declaratória, reconhecendo aos Guarani e Kaiowá a tradicionalidade de seu território.
Até a retomada realizada hoje, os cerca de 600 indígenas da tekoha viviam confinados em uma pequena porção de seu território tradicional, ocupando apenas 300 dos 9.700 da TI Taquara. Nesse espaço restrito, os Guarani e Kaiowá vinham sofrendo com constantes abusos, ameaças e violações dos mais diversos tipos, além de serem cotidianamente impactados pelo uso de agrotóxicos nas plantações de cana de açúcar próximas e pelo desmatamento provocado pelos fazendeiros das redondezas.
Fides já publicou várias notícias sobre a dura realidade do povo Guarani e Kaiowá (veja Fides 23/09/2010, 9/08/2013) e as denúncias do CIMI (veja Fides 14/06/2012, 7/04/2014).
(CE) (Agência Fides, 19/01/2016)