Kathmandu (Agência Fides) – São milhares as mulheres que, com os maridos que trabalham no exterior, estão enfrentando completamente sozinhas a emergência do terremoto. Submersa por dívidas, sem casa nem ajudas, são elas que levam avante a família no lugar dos homens. A situação é especialmente difícil no vilarejo de Thailchok, Sindhupalchok, um dos distritos mais gravemente atingidos com 2.500 mortos e mais de 90% das casas destruídas. Casas, animais, armazéns e tudo o que as famílias tinham construído com duro trabalho são agora um aglomerado de entulho inútil. Como centenas de milhares de nepaleses, são obrigadas a sobreviver nos muitos campos de tendas da capital. Estão carentes de suporte psicológico ou moral, expostas a abusos e doenças e devem cuidar de seus filhos e dos idosos das famílias. Mais de 2,2 milhões de nepaleses trabalham fora do país, em grande maioria, homens. Suas entradas representam mais de 20% do PIL do Nepal. Sem maridos, as esposas do trabalhadores migrantes vivem ainda mais desfavorecidas. Por exemplo, na hora de almoço, em um campo provisório em Kathmandu, os sobreviventes fazem fila para receber uma refeição gratuita: primeiro os homens, depois as crianças e enfim, as mulheres. Esta é a cultura do país: mesmo em situações de emergência total como esta – consta num comunicado da ONG local Women’s Rehabilitation Centre (WOREC) recebido pela Fides. “As mulheres comem no final, normalmente as sobras dos homens e das crianças. Existe discriminação, também nos tempos de crise”. As mulheres encontram outras dificuldades físicas como ter que carregar o peso dos gêneros de socorro, como sacos de arroz enviados por agências humanitárias. Vivem um desafio após outro e não querem que seus maridos retornem ao Nepal para ajudá-las, pois perderiam sua única fonte de renda. (AP) (5/5/2015 Agência Fides)