ÁSIA/PAQUISTÃO - Cônjuges cristãos queimados vivos: se move o Supremo Tribunal

Segunda, 24 Novembro 2014

Islamabad (Agência Fides) – O Supremo Tribunal do Paquistão pediu ao governo para apresentar com urgência um relatório sobre a investigação relativa ao caso ocorrido em 4 de novembro no distrito de Kasur, onde dois cônjuges cristãos Shahzad Masih e Shama Bibi foram linchados e queimados vivos sob a acusação de blasfêmia, por suposta profanação de páginas do Alcorão. O Tribunal solicitou também o executivo a apresentar um relatório sobre as medidas tomadas para cumprir a ordem emitida em junho de 2014, quando o órgão supremo do juízo havia ordenado ao governo federal de instituir o "Conselho Nacional dos direitos das minorias" e formar uma especial "task force" para proteger os locais de culto das minorias religiosas.
A etapa foi bem recebida pela comunidade cristã e pela sociedade civil, em nome da defesa do Estado de Direito. Entrevistado por Fides, Pe. James Channan OP, Diretor do "Peace Center" em Lahore, disse: "Estamos felizes por essa etapa. Parece um resultado positivo de nossa luta comum: o pedido de intervenção ao Supremo Tribunal foi feito por líderes religiosos cristãos e muçulmanos, representantes de organizações como o Peace Center, URI, Minjahul Quran, Conselho dos Ulamás do Paquistão, comprometidas com a justiça, a paz e a harmonia religiosa. Esperamos que em breve cheguem medidas concretas para restituir o sentido de segurança a todos os cidadãos, especialmente os cristãos e outras minorias perseguidas no Paquistão".
No entanto, segundo informações obtidas por Fides de fontes locais, os familiares do casal assassinado estão sofrendo pressões e ameaças para que abandonem o caminho do processo penal. Até mesmo os cristãos dos povoados circunstantes, de onde vem as principais suspeitas de linchamento, foram ameaçados. Um cristão do povoado de Bhail contou que a tensão na área é forte e que se desenvolveu uma grande hostilidade dos muçulmanos contra os cristãos, depois do ataque e prisões feitas pela polícia nas casas de muçulmanos.
O advogado cristão Mushtaq Gill disse à Fides: "Há uma mentalidade generalizada entre os fiéis muçulmanos que consideram os cristãos como ‘infiéis’, inferiores e merecedores de abuso. Às vezes até mesmo os líderes políticos repetem isso nas telas de televisão. Num país 97% muçulmano, os cristãos são vítimas de ameaças e ataques, e vivem sob uma nuvem de discriminação e ódio".(PA) (Agência Fides 24/11/2014)


Compartilhar: