Roma (Agência Fides) - Após 13 anos da queda do regime comunista soviético, e a abertura de muitos (mas não todos) os arquivos, o conhecimento as reais dimensões das repressões na URSS deu passos significativos, mas ao mesmo tempo, comprovou de uma vez por todas a impossibilidade de se calcular exatamente o número total das vítimas. Muitos dados foram destruídos, e podem ser considerados irrecuperáveis.
O número de vítimas deveria incluir os mortos da guerra civil. É preciso contar os executados, (quantas centenas de milhares morreram sem qualquer registro jurídico, nenhum pedaço de papel?), os mortos por fome (três penúrias: 1921-22 na Rússia central, não assistida, 5 milhões de mortos; 1932-33 na Ucrânia e no baixo Volga, induzida, e que deixou 7,7 milhões de mortos; 1946-47, 2 milhões de mortos), seja os mortos por deportação (durante o transporte, em caminhadas a pé, de frio e de fome nos locais de deportação), seja os mortos nos campos, nos trabalhos forçados (por cansaço, incidentes, fome, frio, doenças, tentativas de fuga), seja os mortos durante interrogatórios (pelo menos 250.000).
Um cálculo inicial, feito por baixo, registra exclusivamente os mortos registrados oficialmente, oferece uma soma provisória de 20 milhões (O livro negro do comunismo), e todavia, nós temos a certeza que existem várias razões de não incluir todas as mortes no cálculo. Os próprios relatórios elaborados pela polícia política não são sempre atendíveis, porque inspeções e censuras levavam os comandantes dos campos a mentir em relação ao número de mortos. Sabemos também que era comum libertar prisioneiros á beira da morte, de forma que os índices de morte não se elevassem demais. Recordamos também que a polícia política, em geral, não utilizava os ‘gulags’ para exterminar seus inimigos. As execuções de massa ocorriam, em geral, nas florestas, ou em ‘campos de morte imediata’, dos quais não há sinais nos arquivos, mas que foram recentemente descobertos em algumas áreas do país. Até agora, descobriram-se cerca de cem, muitos deles em proximidade de grandes cidades, como Moscou, São Petersburgo, Kiev, Vilnius.
Foram também muitos, e não registrados, aqueles que perderam a vida durante transferências ou interrogatórios, ou poucos dias depois da libertação. Enfim, muitos arquivos foram destruídos, e em certos casos, como durante a penúria provocada na Ucrânia, nos anos 1932-33, Moscou ordenou especificamente que os óbitos não fossem registrados.
Para ilustrar um caso particular de repressão sistemática de uma categoria especial de cidadãos (fiéis), citaremos cifras relativas à Igreja majoritária do país, a ortodoxa. Em 1917, os membros do clero eram 210.000. 130.000 deles foram fuzilados até 1941. Entre os sobreviventes, somente 500 permaneceram livres. Dos 300 Bispos, 250 foram fuzilados e somente 4 estavam ainda livres em 1941. É impossível calcular o número dos fiéis eliminados pela máquina repressiva. Em 1939, no território da URSS, no lugar das 55.000 igrejas existentes em 1917, havia somente 100. Dos 1000 mosteiros existentes, nenhum funcionava (dados da Fundação Russa-Cristã de Seriate (Bg)
(Agência Fides 6/4/2004)