Cidade do Vaticano (Agência Fides) - 6 de abril de 1994, inicia-se o genocídio em Ruanda, que se insere num longo espiral, em muitos aspectos ainda desconhecidos realmente, de lutas ferozes que colocaram o homem contra o homem, um povo contra o outro, provocando não só milhões de vítimas de uma e outra etnia, bem como mutilações irrecuperáveis ao patrimônio da humanidade. Cada vez que se extermina um povo, que se suprime uma etnia, fazendo recurso à violência e à prepotência, o homem não só perpetua o ódio de Caim, mas subtrai à humanidade uma parte essencial de seu DNA. O mundo não pode ser como antes, porque todos os indivíduos e povos foram criados com caráteres únicos e inimitáveis. Assim como, na seqüência do DNA, cada elemento é indispensável ao outro e a todo o organismo, cada povo é indispensável para a vida dos outros, e para assegurar à humanidade a riqueza da pluralidade. Não nos limitemos, portanto, à tragédia de Ruanda, mas estendamos nosso olhar aos muitos genocídios de que se manchou e continua a se manchar o homem, a fim de que a sua memória não seja ocasião para retóricas e polêmicas, mas para um compromisso sério em construir, no confronto dialético, uma civilização nova, aonde o respeito ao outro seja uma norma de vida.