Mogadíscio (Agência Fides)- “A retirada das tropas etíopes de Mogadíscio pode significar ou um retorno dos “senhores da guerra”, que estão presentes também dentro da formação do governo, ou um simples reposicionamento do exército de Addis Abeba para além da capital somali”, afirmam à Agência Fides alguns observadores locais residentes na Somália, onde em 23 de janeiro os militares somalis iniciaram a retirada de Mogadíscio.
As tropas etíopes, que entraram na Somália em apoio às tropas do Governo de transição somali, foram determinantes para expulsar as Cortes Islâmicas de Mogadíscio e para permitir ao governo somali de se estabelecer na capital. “Os etíopes sabem muito bem que não eram bem quistos pela população somali, inclusive por aqueles que não apoiavam as Cortes Islâmicas, e decidiram, assim, retirar-se da capital”, explicam as fontes da Fides. “Permanece a incerteza de entender se foi uma retirada completa da Somália ou, ao invés, se foi o caso de um simples deslocamento de tropas, longe da cidade e dos olhos dos seus habitantes, mas sempre por perto para intervir em caso de necessidade. Aquilo que é certo é que o atual governo somali é débil e necessita da ajuda externa para controlar Mogadíscio e as outras cidades estratégicas do país. As tropas prometidas pela União Africana chegarão dentro de algum tempo. Enquanto isso, a situação poderia degenerar com o reaparecimento dos “senhores da guerra”.
Até o momento, somente Uganda, Malauí e Nigéria se empenharam em fornecer tropas para a prevista força de paz africana de 8 mil homens, mas permanecem diversos obstáculos logísticos e políticos que tornam mais lenta a sua constituição. É, portanto, verossímil a hipótese de que a Etiópia se prepara para permanecer ainda na Somália, mantendo uma presença discreta. “A comunidade internacional deve, no entanto, tomar a responsabilidade de colaborar com os somalis para estabilizar o país. Não se pode jogar novamente a Somália no caos e na anarquia”, concluem as nossas fontes.
Com efeito, as condições de segurança não são garantidas, como demonstra o acolhimento a tiros de morteiro reservado esta manhã a uma delegação das Nações Unidas. Ao menos três golpes de morteiro, de fato, foram disparados contra o aeroporto de Mogadíscio no momento da aterrisagem do avião com a delegação da ONU, que, porém, não foi atingida. O ataque provocou ao menos 1 morto e 1 ferido entre os funcionários do aeroporto.
E ainda não foi confirmada a notícia, divulgada pelo Washington Post, de um segundo ataque realizado nos dias passados por um ou mais aviões do tipo AC 130, das forças especiais da Aviação americana, contra supostos alvos terroristas no sul da Somália.
Em 8 de janeiro, foi conduzido ao menos um ataque por parte dos aviões norte-americanos, com o objetivo de eliminar três pessoas consideradas próximas à rede Al Qaida na África oriental (veja Fides 9 de janeiro de 2007). (L.M.) (Agência Fides 24/1/2007)