Roma (Agência Fides)- As palavras do Santo Padre Bento XVI sobre os riscos de exaustão das fontes energéticas e sobre os dramas ambientais provocados pela corrida ao petróleo descrevem com dramática precisão a situação da África, onde velhas e novas potências lutam pelo controle das jazidas de hidrocarburetos.
Na mensagem para a celebração do dia mundial da paz, de 1° de Janeiro, apresentada hoje, 12 de dezembro, Bento XVI afirma que “a experiência demonstra que toda atitude desrespeitosa do meio ambiente provoca danos à convivência humana. Nesses anos, novas nações entraram com ímpeto na produção industrial, incrementando as necessidades energéticas. Isso está provocando uma nova corrida aos recursos disponíveis, que não tem comparação com situações precedentes”.
As áreas africanas onde o petróleo gera conflitos são Nigéria, Chade e Sudão. Na Nigéria, os últimos episódios relatam o seqüestro de técnicos ocidentais que trabalham nos implantes petrolíferos no delta do Níger, que evidenciam, para além das violências condenáveis, a destruição do meio ambiente provocada pela exploração das jazidas, sem que as populações locais se beneficiem.
No Chade, o início da extração do petróleo, ocorrido recentemente, foi acompanhado pela intensificação das operações de guerrilhas, financiadas, segundo diversos comentaristas, por potências locais e extra-africanas, que desejam controlar as jazidas. No Sudão, a frágil paz entre o norte e o sul poderia ser colocada em discussão a qualquer momento por causa de sempre possíveis lutas sobre a compartilha dos lucros petrolíferos. Também o conflito em Darfur, de acordo com diversos especialistas, é motivado pelo desejo de iniciar a exploração das jazidas petrolíferas até então inexploradas.
Outros produtores africanos de petróleo, como Angola e República do Congo, saíram recentemente de guerras terríveis, onde o petróleo era um ou único motivo.
No norte da África, foram divulgados nesses dias atentados que envolveram técnicos estrangeiros, que trabalham na local industria petrolífera.
O petróleo, se bem administrado, pode se tornar o volano para o desenvolvimento de países pobres. A Igreja africana várias vezes convidou os governantes e as multinacionais do petróleo a respeitarem os direitos das populações locais a terem acesso aos lucros da exploração dos hidrobarburetos, sob forma de escolas, hospitais e de uma real possibilidade de desenvolvimento. Infelizmente, porém, na maioria dos casos, prevaleceu a lógica do egoísmo e da violência. (L.M.) (Agência Fides 12/12/2006)