Roma (Agência Fides) – “Ninguém envia em missão, senão Deus, envolvendo-nos na Páscoa de seu Filho. Recebe a missão somente quem, na fé, se descobre enviado, envolvido no amor misericordioso que salva e transforma. A superação da distinção geográfica de Igrejas que enviam e Igrejas que recebem requer, consequentemente, a superação da inadequada distinção entre ação pastoral e missão”. Foi o que destacou o Card. Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, em seu discurso proferido ontem à tarde na Assembleia geral das Pontifícias Obras Missionárias (POM) em andamento em Roma (veja Fides 26/05/2017).
O Prefeito do Dicastério Missionário reiterou: “Nenhuma comunidade cristã é definitivamente constituída. Nenhuma Igreja local é perfeitamente estabelecida. O Evangelho jamais é completamente anunciado. Nossos corações nunca serão plenamente convertidos e salvos senão na plenitude da ressurreição. A missão é, portanto, o coração da fé, porque o movimento do Amor redentor de Deus nunca tem fim. Toda Igreja precisa sempre de renovação, de rejuvenescer seu coração, porque todo seu filho será sempre necessitado de conversão e cada sua filha precisará de redenção”.
À luz da exortação do Papa Francisco às Pontifícias Obras Missionárias “para reavivar o ardor e a paixão dos santos e dos mártires, sem os quais nos reduziríamos a uma ONG de coleta e distribuição de ajudas materiais e subsídios”, o Card. Filoni propôs algumas considerações.
Primeiramente, “o testemunho pessoal permanece fundamental para a missão. Se a fé consiste no encontro pessoal com Cristo, o encontro vivo com testemunhas de Cristo é crucial para a missão... A atividade de animação missionária deve facilitar o conhecimento, o encontro e o envolvimento vocacional com estas testemunhas da missão”.
O centenário da Carta Apostólica “Maximum Illud” do Papa Bento XV, publicada em 30 de novembro de 1919 será uma ocasião para comemorar este texto do Magistério papal, “tão crucial para a missionariedade de toda a Igreja, mas principalmente para reavivar em todos uma verdadeira conversão missionária e um autêntico discernimento pastoral, a fim de que todos, fiéis e pastores, vivam em estado permanente de missão”. Assim sendo, o mês de outubro de 2019 será “para toda a Igreja, um Mês extraordinário dedicado à oração, à caridade, à catequese e à reflexão teológica sobre a Missão”.
O Prefeito do Dicastério Missionário prosseguiu: “As novas circunstâncias eclesiais e culturais nos pedem para reavaliar as modalidades de ação e de trabalho das quatro Pontifícias Obras Missionárias, afim de que as Igrejas sejam colocadas em constante movimento de missão. Seria necessário identificar modalidades para que os projetos e as solicitações de ajuda econômica possam ser avaliados em sua capacidade de dispor as Igrejas solicitantes e as Igrejas doadoras em estado permanente de missão”.
Neste contexto, o Card. Filoni convidou a ajudar “as Igrejas em nossos territórios missionários economicamente mais autossuficientes a oferecer parte de seus subsídios para apoiar as Igrejas locais mais necessitadas”, reiterando que “a verdadeira finalidade deve ser sempre o anúncio do Evangelho”. Em seguida, exortou a “crescer no espírito eclesial inclusivo na única missão. As POM em suas direções nacionais, em suas secretarias internacionais, em suas fundações, servem todas juntas a única solicitude missionária do Papa que, como Pastor universal, se interessa e se preocupa com as Igrejas, graças às ajudas provenientes de cristãos espalhados em todo o mundo. Todos doam a fim de que todos possam universalmente receber”.
Enquanto prossegue o trabalho para a constituição de um único polo tecnológico digital de informação das POM, incluindo a Agência Fides, a revista Omnis Terra e o portal POM, que “devem ser sempre mais integrados em m único serviço diversificado de informação digital”, prossegue também o caminho de reforma da secretaria internacional da Pontifícia União Missionária (PUM) e do CIAM (Centro internacional de animação missionária) “na linha da formação permanente à missão das Igrejas locais chamadas a abrir suas necessidades formativas cada vez mais à universalidade católica”. “Reformando-se na escuta e na colaboração com as Igrejas locais, a PUM, coração pensante das POM, poderá oferecer um estímulo de renovação para todas as outras POM”, sublinhou o Cardeal, citando especialmente a Pontifícia Obra da Infância Missionária, que “poderá redescobrir, colaborando com a PUM, um serviço formativo em favor e em união com as Igrejas locais em temas ligados à infância, como por exemplo a família, a maternidade e a paternidade, a vida humana, a educação, a escola e os jovens”. Seguindo as indicações do Papa Francisco, particularmente sensível à proteção da infância, “é preciso ser muito ativos, especialmente através da educação dos pais, dos formadores, párocos, etc.”. (SL) /Agência Fides 30/5/2017)