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Al Arish (Agência Fides) – Começam a voltar às próprias casas algumas famílias coptas que, em fevereiro, fugiram do norte do Sinai – e sobretudo da cidade de al Arish, capital do governatorato – depois da série de violências e assassinatos que se verificou na comunidade cristã local. No domingo, 26 de março, a notícia do início de um contra-êxodo dos cristãos do norte do Sinai foi confirmada pelo próprio Anba Kosman, Bispo de al Arish e do norte do Sinai. O Bispo também referiu que em al Arish são celebradas missas diariamente e que os sacerdotes se locomovem livremente pela cidade, embora usufruindo da proteção garantida pelos agentes policiais. O Bispo desmentiu os rumores – que circularam nos dias passados na rede – de uma suposta “caça aos sacerdotes” praticada por grupos terroristas na capital do governatorato, confirmando que a situação geral quanto à segurança começa a voltar à normalidade.
Segundo fontes locais, mais de 300 famílias cristãs abandonaram al Arish em fevereiro, depois da sequência de sete homicídios que ocorrerou a partir de final de janeiro contra os cristãos coptas do norte do Sinai (veja Fides 23, 24 e 27/2/2017). A maioria dos deslocados encontrou refúgio na cidade de Ismailia, 120 km ao leste do Cairo. Naquelas semanas, foram registradas também significativas declarações de instituições islâmicas sobre a nova espiral de violência contra os coptas egípcios. A Casa da Fatwa (Dar al Ifta al Misryah), organismo egípcio presidido pelo Grão-Mufti do Egito e encarregado de difundir pronunciamentos para orientar e esclarecer dúvidas e controvérsias quanto à aplicação dos preceitos corânicos, divulgou um comunicado para condenar a cadeia de homicídios, destacando que a campanha arquitetada por grupos jihadistas contra os cristãos locais do Egito tem como finalidade sabotar a unidade nacional. Também o porta-voz de al-Nur, o Partido salafita ultraconservador, expressou publicamente a própria condenação pelas mortes dos cristãos coptas ocorridas no norte do Sinai, reiterando que estes assassinatos “vão contra os ensinamentos do Islã”.
O norte do Sinai há anos é o epicentro de violentas operações perpetradas por grupos jihadistas contra o exército, a polícia e a população civil. Quando a série de assassinatos de cristãos no norte do Sinai já tinha começado, membros egípcios do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) divulgaram uma videomensagem em que reivindicavam a nova campanha de violência contra os coptas, definidos pelos jihadistas como “a presa preferida”.
A mensagem de vídeo exaltava a figura de Abu Abdullah al-Masri, jovem homem-bomba que em 11 de dezembro passado se explodiu na igreja de Botrosiya no complexo de edifícios eclesiásticos adjacentes à Catedral copta-ortodoxa do Cairo, matando 29 pessoas. (GV) (Agência Fides 27/3/2017).