Abuja (Agência Fides) - “Um furacão de violência por parte de pastores e outros agentes de morte deixou no seu rastro uma paisagem de sangue e destruição”, acusam os Bispos da Nigéria em sua mensagem “Restabelecer a confiança na Nigéria”, publicada ao final de sua Assembleia Plenária.
O documento, enviado à Agência Fides, parece marcar uma mudança na postura da Conferência Episcopal da Nigéria em relação ao Presidente Muhammadu Buhari, que tinha recebido a aprovação dos Bispos para a campanha anticorrupção (veja Fides 4/5/2016). Mesmo destacando que a eleição do muçulmano Buhari foi “uma das mais pacíficas da história do país”, e que votando para ele os “nigerianos demonstraram, para além dos confins da religião, da etnia e das regiões, que querem virar página numa história repleta de sonhos destruídos”, os Bispos ressaltam que o “sectarismo” das últimas nomeações presidenciais dificilmente condiz “com as credenciais morais do Presidente”.
A mensagem destaca que “violência política, corrupção, sequestros, assalto a mão armada, homicídios rituais e os diversos males do passado ainda estão presentes, e por causa disso parece que estamos progressivamente afundando no pântano. A população agora está devastada pela doença e pela fome. O resultado é o aumento da violência por parte de protagonistas estatais e não estatais”.
Os Bispos recordam que o Estado deve garantir a segurança de todos, como o respeito da igualdade de todo cidadão diante da lei, criticando “a expansão da xariá na vida pública, em contradição com o espírito e a carta constitucional”. Os Bispos lançam um apelo à população para que continue vivendo segundo os valores da compaixão e da solidariedade, convidando-a a não ser vítima dos “charlatães” que usam a religião para os próprios interesses.
Por fim, os Bispos recordam ao Presidente que “a maioria dos nigerianos está desiludida por ter jogado fora as grandes esperanças derivantes da sua determinação de mudar as coisas” e que não pode ignorar “as fortes acusações de crescimento do nepotismo e do sectarismo nas nomeações federais”. (L.M.) (Agência Fides 16/9/2016)