Cochabamba (Agência Fides) – “Devemos dizer sem medo que precisamos e queremos mudanças. Não deixemos que nos roubem a esperança de uma mudança real”, lê-se no texto conclusivo da Assembleia Plenária dos Bispos da Bolívia, realizada de 5 a 10 de novembro em Cochabamba (veja Fides 6/11/2015). Os Bispos retomam a exortação do Papa Francisco aos movimentos populares, pronunciada durante sua viagem à Bolívia de julho passado e encorajam a comunidade boliviana aos próximos compromissos eclesiásticos, não deixando de assinalar ao governo boliviano a situação de tensão que muitas instituições estão vivendo com as normas impostas e a crise que a sociedade atravessa.
“Vivemos em um tempo marcado pela exaltação de ideologias que não veem a realidade dos carentes e não ouvem a sua voz – escrevem os Bispos. Muitos têm medo de expressar uma opinião diferente do pensamento ideológico dominante que se quer impor a todo custo, intimidando e desacreditando quem pensa de modo diverso. Também são destinadas despesas para obras não essenciais, subestimando a saúde e a instrução e ignorando os pedidos para a adoção de políticas de austeridade”.
O texto aponta ainda que “a violência que deriva da falta de valores gera insegurança e cresce em nossas cidades, assustando o nosso povo e danificando as pessoas mais vulneráveis. O tráfico e a dependência de drogas estão ganhando espaço no país, enquanto as pessoas sofrem as consequências. A corrupção priva os marginalizados de ocasiões de se resgatar; a impunidade política e judiciária protege e apoia esta situação. “Se reconhecemos isto, digamos sem temor: precisamos e queremos uma mudança” (do discurso do Papa Francisco aos movimentos populares)”.
Muitas instituições e obras sociais da Igreja na Bolívia se encontram em situação econômica grave, porque além da crise que o país está vivendo, existe também a disposição do governo de pagar o décimo-terceiro a todos, o que obrigou muitas instituições a despedir seus funcionários ou a reduzir seus serviços. Na semana passada, os representantes da Igreja pediram ao governo para ser exonerados deste dever, mas a resposta foi negativa. Por isso, no texto, os Bispos escrevem: “é difícil realizar obras de promoção humana e de assistência social no país, porque são tratados do mesmo modo, ou seja, submetidos aos mesmos requisitos fiscais: seja os projetos de serviço social religiosos e sem fins lucrativos, como as empresas com fins de lucro”.
(CE) (Agência Fides, 13/11/2015)