Bissau (Agência Fides) - Após o golpe de estado realizado pelo exército no domingo, 14 de Setembro, é vigente em Guiné Bissau uma relativa calma. As tropas rebeldes prenderam o Presidente Kumba Yalla e assumiu o controle dos pontos estratégicos do País, em primeiro lugar, a rádio nacional. O poder foi assumido pelo chefe de estado maior do exército, o Gal. Veríssimo Correia Scabre, que lidera o Comitê para a Restauração da Ordem Constitucional e a Democracia.
“Os militares continuam a transmitir pela rádio mensagens, convidando a população a manter a clama e afirmam que conclamarão eleições livres o mais rapidamente possível”, disse á Agência Fides o Pe. Davide Sciocco, missionário do PIME, de Mansoa, distante 50 km da capital do País, Bissau. “Ontem os militares também assumiram o controle dos pontos estratégicos de Mansoa. A população manteve a calma. Na noite de ontem, os golpistas afirmaram haver libertado o Primeiro Ministro Mário Pires”.
“O golpe não foi de todo inesperado, afirma Pe. Davide Sciocco. “ Há 9 meses , depois que o Presidente Yalla adiou as eleições, se percebia uma certa tensão no ar. O Primeiro Ministro Pires continuava a afirmar que se a oposição houvesse vencido as eleições teria estourado uma guerra civil”,
Segundo o Pe. Davide, a situação é porém diversa em relação àquela de 1998, quando o exército dividiu-se em duas facções, provocando uma violenta guerra civil. “Desta vez todos os do alto comando do exército participaram do golpe. O Presidente está nas mãos dos militares e não pode organizar resistência contra os golpistas”.
Após a entrevista conferida à Fides, Pe. Davide enviou à redação o seguinte e mail:
“Caríssimos amigos, esta manhã acordamos com os militares pelas ruas. A nossa Rádio Sol Mansi foi provisoriamente fechada. porém, tudo está calmo. Os militares realizaram um golpe de estado, no momento em que o Presidente e o governo haviam superado todo o limite suportável ( desde o início do anos as eleições vêm sendo adiada, a administração do Estado estava completamente nas mãos de um pequeno grupo, com corrupção e furto do dinheiro público). Os militares dizem que farão um governo provisório e promoverão eleições livres e transparentes.
Nós estamos bem, como sempre nos respeitam. No comunicado dos militares, os Bispos são elogiados pela carta que há alguns meses atrás, escreveram denunciando a situação.
Rezem por nós, mas com tranqüilidade. Até agora não houve qualquer disparo de arma nem aqui em Mansoa, nem em Bissau”.
Portugal, do qual Guiné Bissau foi colônia, condenou o golpe com uma declaração do Ministro do Exterior que afirma: “ O governo português deplora o golpe de estado verificado em Guiné Bissau e pede as seus executores de restabelecerem imediatamente a legalidade constitucional”. Portugal marcou para hoje uma reunião de emergência da Comunidade dos Países de língua portuguesa, que compreende : Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, além da Guiné Bissau.
(L.M) (Agência Fides 15/09/2003 – linhas: 39; palavras: 499)