ÁFRICA/TOGO - Togo: alguns dados para entender

Sexta, 18 Março 2005

Lomé (Agência Fides)- O Togo é um pequeno país com uma superfície de 56.785 km², uma população de 4,2 milhões de habitantes, cuja renda média é de 310 dólares. Cerca de 32,3% dos habitantes do Togo vive abaixo da linha da pobreza, com a metade dos pobres que vive em condições de extrema indigência.
No final dos anos 90, a agricultura representava 35% do PIB e empregava 75% da população ativa. A maior parte dos agricultores é constituída por pequenos cultivadores, que utilizam métodos tradicionais. Mais de 1/3 da população vive na região meridional costeira, onde se situa a capital, Lomé. Nos últimos anos, a capital recebeu o êxodo em massa do campo: no final de 2000, Lomé contava 1 milhão de habitantes, com um incremento anual de 6%. O índice de crescimento demográfico de 3,1%, é um dos mais altos do mundo e comporta uma densidade populacional de 72 habitantes por km², que supera a maior parte dos países da África ocidental.
Em nível religioso, 33% da população é animista (religiões tradicionais), 27,8 % é católico, 13,7% muçulmano sunita e 9,5% protestante. O restante 16% compreende adeptos de outras religiões. Diversas pessoas aderiram às religiões mais difusas e continuam a praticar rituais das religiões tradicionais.
A Igreja católica está bem radicada em todo o território com 7 dioceses, 154 paróquias, cerca de 300 sacerdotes diocesanos e cerca de 60 padres Fidei Donum e centenas de religiosos e religiosas.
O diálogo islâmico-cristão e o diálogo entre a Igreja católica e as outras confissões cristãs avança lentamente. Diversos projetos foram realizados, mas ainda resta muito por fazer. No norte do país, a diocese de Sokodé, de maioria muçulmana, é um exemplo da coabitação entre cristãos e muçulmanos. O Pe. Frédéric Bangna, ex-responsável diocesano para o diálogo islâmico-cristão e atualmente professor no Seminário Maior João Paulo II de Lomé, afirma que: “Temos boas relações com os muçulmanos. Nos encontramos freqüentemente nas reuniões de oração, organizadas pelas autoridades locais. Além disso, por ocasião das festas muçulmanas, dirijo às autoridades islâmicas uma mensagem do Papa, enviada a todos os responsáveis muçulmanos nas regiões de maioria islâmica. Os fiéis islâmicos, além disso, vêem os católicos com muito respeito, graças às relações sociais que promoveram na cidade”.
Na Arquidiocese de Lomé, uma mesa-redonda reuniu animistas, muçulmanos, presbiterianos e católicos, sob a égide do Pe. Christian Agbelekpo, ex-pároco de Santa Rita e atual diretor diocesano das Pontifícias Obras Missionárias. A mesa-redonda enfrentou os pontos de vista das diversas religiões sobre o conceito de “Deus Pai”. Todos estão de acordo com o fato que Deus é o único verdadeiro Pai de todos. Os animistas togoleses o chamam “Ata Togbe”, os presbiterianos o consideram como o Pai e a Mãe, os muçulmanos o reconhecem como o único criador, assim como os católicos. “Já o fato de se reunir para compartilhar os nossos pontos de vista sobre um argumento comum favorece a aproximação recíproca”, reconhece o Pe. Agbelekpo.
Através dessas formas de diálogo inter-religioso pretende-se chegar à recíproca compreensão. O objetivo do diálogo, portanto, não é converter o outro, mas de respeitá-lo ainda mais.
As igrejas evangélicas presbiterianas e metodistas no Togo, por sua vez, no âmbito da Conferência das Igrejas da África (CETA) e principalmente do Conselho cristão do Togo, tentam há alguns anos reconciliar as comunidades religiosas através de atividades de formação. Desenvolveram um especial módulo de formação, dedicado às “relações inter-religiosas e à instauração da paz” para os jovens cristãos do Togo. “Estamos convencidos de que, através da formação dos nossos adeptos, chegaremos a um diálogo verdadeiro e construtivo entre as diferentes confissões religiosas do nosso país”, afirmou o pastor Lawson Godson, ex-secretário geral da Igreja metodista do Togo.
Os cursos promovidos pelo Conselho Cristão do Togo (CCT) são baseados em conceitos de tolerância e coexistência pacífica. O objetivo é evitar as polêmicas e as guerras do passado, porque o cristianismo e o islã têm muitas coisas em comum. Como conseqüência, segundo os responsáveis do CCT, deverá destacar-se a importância dos jovens como protagonistas da mudança na instauração da paz. Aceitando suas diferenças na vida de todos os dias, os grupos religiosos devem servir de exemplo aos partidos políticos, aos grupos étnicos e às outras organizações.
Difusão das seitas
O governo togolês estabeleceu alguns critérios para o reconhecimento das organizações religiosas, exclusa as principais religiões - catolicismo, protestantismo e islamismo -, que são reconhecidas oficialmente. As autoridades aceitaram 97 grupos religiosos, a maior parte dos quais é formada por pequenos grupos protestantes e alguns novos movimentos muçulmanos. Segundo a direção da segurança civil do Ministro do Interior, em 2000, 38 grupos religiosos apresentaram o pedido ao governo para receber reconhecimento oficial. Desde 1991, 317 grupos apresentaram este pedido.
Tráfico e escravidão de menores
A amplitude do fenômeno do tráfico de crianças no Togo é difícil de ser decifrado. A direção para a promoção e a proteção da família e da infância (DPPFE) atualiza as estatísticas das crianças vítimas do tráfico. Esta estrutura estatal afirma que, entre janeiro e fevereiro de 2002, cerca de 125 menores foram vítimas do tráfico. Destes, 107 foram interceptados antes de sua transferência para o exterior e os outros 8 voltaram para o Togo provenientes do Gabão. O número das crianças repatriadas ou interceptadas, segundo a DPPFE, para os anos 1999, 2000, 2001 e 2002 é respectivamente de 337, 18, 265 e 200 menores.
O tráfico de crianças atinge todas as regiões do país. Segundo um estudo efetuado em fevereiro de 2002 pelo “Plano Togo”, membro de uma organização internacional, as causas deste fenômeno são múltiplas. A pobreza e a irresponsabilidade dos pais, a ignorância das crianças, o analfabetismo, a busca de ganhos fáceis, o desemprego, o fascínio da cidade e dos países estrangeiros, a ausência de centros de formação e de instrução. Os autores do estudo afirmam que o conjunto dessas causas provoca diversos efeitos, entre eles a perda da força de trabalho, os maus-tratos às crianças, a delinqüência. “A conseqüência é que esta situação impende à criança de construir o seu futuro; pior, não a prepara a uma vida adulta responsável”, afirma o estudo.
As autoridades estão empenhadas na luta contra este tráfico. No país, florescem os projetos de apoio à reinserção das pequenas vítimas. A sensibilização dos pais e a criação de comitês em vilarejos para prevenir o tráfico podem ser um meio de prevenção contra este crime.
Desde junho de 2004, o governo norte-americano ajuda a combater o tráfico togolês através do programa “Labor Education Initiative”, uma iniciativa educativa sobre o trabalho infantil, avaliado em 2 milhões de dólares. O programa tem por objetivo reduzir este tráfico e promover a escolarização.
Situação da mulher
As mulheres do Togo representam cerca da metade da população total do país e garantem o essencial da produção da riqueza nacional, pois trabalham na agricultura e no comércio. No plano político, porém, existem poucas mulheres nos postos de comando. Mas existem, no entanto, mulheres que ocupam cargos ministeriais e parlamentares.
No plano legislativo, houve progressos através de leis nacionais para a promoção e a proteção dos direitos das mulheres. Essas leis têm seja aspectos positivos que negativos. Entre aqueles positivos, nota-se o valor decidido para os dotes no matrimônio, determinado por lei, o consenso da mulher ao matrimônio, o direito de sucessão e a proteção dos direitos da viúva, garantidos pelo código de família, e a possibilidade da viúva de rejeitar se submeter a cerimônias de luto que acarretam ofensas a seu pudor.
Entre os aspectos negativos, podemos citar o fato que a idade matrimonial estabelecida pela lei para as moças é menor do que para os rapazes, a paternidade exclusiva do homem quando os pais não são casados, a aplicação do direito legal de sucessão somente no caso em que o falecido tenha renunciado à aplicação do direito de sucessão, e a admissão da mulher como funcionária em um emprego somente com a apresentação de um atestado médico que comprove que é adequada ao trabalho e que não esteja grávida de mais de 5 meses. É por isso que uma centena de organizações femininas estão engajadas há alguns anos para melhorar a situação jurídica da mulher.
O país apresenta diversidades em tantos aspectos, no campo do culto, de situações sociais, de diálogo entre as religiões de condições da infância e da mulher. Embora a situação caótica persistente no país, espera-se que o futuro progresso democrático permita ao Togo apresentar um panorama melhor.
(Agência Fides 18/3/2005)


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