ÁSIA/MIANMAR - O Cardeal Bo aos líderes da nação: “Sejam bons pais”

Segunda, 20 Julho 2015

Yangun (Agenzia Fides) – “Esperamos que os nossos governantes sejam bons pais para toda a nação. Em nossa cultura, os pais são venerados como divindades. Segundo as nossas tradições, os nossos governantes têm o direito e o dever de promover o bem-estar de todos”: é o apelo dirigido pelo Cardeal Charles Maung Bo, Arcebispo de Yangun, aos líderes de Mianmar. Numa mensagem enviada à Fides e divulgada por ocasião do “Dia dos pais”, o cardeal afirma: “Durante 50 anos, nos dias escuros da ditadura, o povo não teve uma família. Quando veio a democracia, esperávamos que traria o espírito de família em todos. Grandes expectativas são colocadas em nossos líderes: a nação olha para eles para tornar esse país uma verdadeira família”.
O Cardeal Bo assinala grandes dificuldades neste caminho: “O nosso sistema econômico está rompendo as famílias. Milhões de nossos jovens estão distantes de seus pais. Tornaram-nos pobres e a integridade da família foi prejudicada pela pobreza do país. O espírito de família é fraco. A maior parte dos filhos e filhas de Mianmar é pobre”.
O censo recente – recorda o purpurado – fornece um quadro doloroso: 40% da população birmanesa vive abaixo da linha de pobreza e nos Estados de Chin e Rakine a pobreza chega a 70%. A pobreza gera o fenômeno da migração, e em muitos povoados existem somente pessoas muito idosas e crianças muito pequenas. As famílias se desagregam pela falta de instrução, pela ameaça das drogas, ou por causa dos conflitos armados”, comenta o arcebispo.
Por isso, o cardeal observa: “Os nossos governantes não estiveram à altura de nossas expectativas como pais. Tornaram-se protetores de um capitalismo de compadrio, como advertiu o Papa na América do Sul, numa economia que tem o lucro como o único motivo”.
O texto da mensagem prossegue: “O mundo se faz uma pergunta: os nossos governantes são chefes para todos ou somente para poucos? Durante séculos vivemos juntos como irmãos e irmãs. Os vários credos viveram em harmonia. Durante cinco décadas Mianmar foi um modelo de uma sociedade de compaixão, não obstante o povo fosse oprimido por homens selvagens”. Mas a partir de 2010, “os nossos líderes, que são como os nossos pais, não conseguiram controlar as manifestações de ódio difundidas por grupos religiosos extremistas.
A guerra prossegue em várias partes do país. Os nossos irmãos e irmãs, de todas as religiões e raças, são atingidos por este ódio. Mais de 200 mil de nossos irmãos são agora deslocados internos”.
O cardeal conclui: “Saberão os governantes deste país evitar toda tentação de discriminar as pessoas por causa da raça e religião? Saberão aceitar a igualdade e construir uma nação unida como uma só família? Prescindindo de sua vontade, os nossos líderes precisam de nossas orações. Rezemos pelos nossos pais: os governantes”. (PA) (Agência Fides 20/7/2015)


Compartilhar: