Daca (Agência Fides) – “No Bangladesh existe uma grande necessidade e um desejo de ressurreição. As pessoas percebem que a libertação política, obtida em 1971, permanece sobretudo no campo espiritual. A reconciliação necessária ainda não encontrou o seu caminho. A política doente também poderia ser um reflexo dos males espirituais”, foi o que disse à Agência Fides Pe.
Silvano Garello, missionário Xaveriano há 40 anos em Daca.
O missionário explica: “Cada povo deve se medir com os próprios desejos, mas é preciso admitir que a mesma legítima aspiração ao bem-estar econômico pode se tornar um grande nível das verdadeiras necessidades do coração. O ocidente cristão parece atormentado pela dúvida de ter sido enganado por Cristo Redentor do homem e por isso cria sempre dificuldade em reler o caminho da própria história. Até agora procurou-se muito na depressão econômica o motivo dos nossos males. Isso se revela como um atalho.
“Pensando ao Bangladesh – prossegue Pe. Garello – considerado uma vez um país com o número mais elevado de pessoas felizes, me faz refletir sobre outro fato: o modo com o qual os cristãos celebram a Páscoa da Ressurreição incide sobre o sentido pleno da vida? A força do cristianismo neste país de maioria muçulmana não está certamente nos números, mas na sua capacidade de propor o Menino de Belém, o carpinteiro de Nazaré, o Crucifixo do Calvávio e o Cristo ressuscitado. Em todas estas situações, somos assegurados que o nosso Deus, que se fez Emanuel, o Deus ‘co-nosco’, não brincou de ser homem”. Na mensagem enviada à Fides, pe. Garello conclui: “O grande perigo continua o mesmo: que o realismo da encarnação se torne uma bela fábula. Aqui também, em Bangladesh, entre grandes hotéis e festas nas aldeias, a figura do Papai Noel ganha espaço: e assim também a vida cotidiana não encontra mais lugar em nossos cantos. Refugia-se na emotividade do rito. Aonde achar o sorriso das testemunhas do Ressuscitado? Não é fácil ser cristãos em Bangladesh. A devoção, por vezes emotiva, não exime da tentação de acreditar que se nasça cristãos. Somente um catecumenato de re-evangelização, que nos leve adiante por toda a vida, poderá nos salvar de sermos insignificantes”. (PA) (Agência Fides 8/4/2015)