ÁFRICA/SUDÃO DO SUL - Jovens dadas como esposas em troca de vacas

Terça, 28 Maio 2013

Juba (Agência Fides) - Em muitas comunidades do Sudão do Sul ainda é muito difundida a prática de casamentos precoces e as garotas são consideradas uma fonte de riquezas, uma vez que são dadas como esposas em troca de vacas. Segundo o Ministry of Gender and Child Affairs, 48% das garotas sul-sudanesas de 15 a 19 anos são casadas, algumas também de 12 anos. Apesar do South Sudan’s Child Act 2008 estabelecer que a idade mínima para o casamento é de 18 anos, e prevê a prisão daqueles que não respeitam a lei, ela não é tomada em consideração. O matrimônio precoce faz parte dos costumes de muitas comunidades, onde uma vez que uma garota atinge a puberdade é considerada mulher e como resultado, muitas famílias não hesitam em "entregá-la" em casamento em troca de vacas. Outros favorecem o matrimônio precoce por medo de que suas filhas permaneçam grávidas ainda solteiras, um fenômeno condenado pela cultura local e, consequentemente, ninguém quer mais essas garotas como esposas ou somente em troca de poucas vacas. As mulheres e garotas locais são particularmente vulneráveis. Após 21 anos de guerra civil com o Sudão, muitas foram vítimas de violência atroz e abusos de todos os tipos, incluindo estupros e seqüestros. Os casamentos precoces, a violência contra as mulheres e muitas outras disparidades de gênero são devidas às regras do direito consuetudinário. Os ativistas argumentam que o fato de que as leis não sejam transcritas permitem aos líderes locais, em sua maioria homens, de interpretá-las ao seu gosto. De acordo com o sistema judiciário do Sudão do Sul, o direito consuetudinário, que consiste em muitas leis tradicionais não escritas, é aplicado de acordo com a lei estatutária. No entanto, a prática ainda é controversa, já que muitos casos de direito consuetudinário são considerados injustos. Antes de um tratado de 2005 colocasse fim ao conflito dividindo o Sudão em dois, foram mortos cerca de 2 milhões de pessoas e outras 4 milhões de pessoas foram deslocadas. Segundo a ONU, em 2011, pelo menos 1. 600 pessoas morreram nos conflitos entre os grupos étnicos Murle e Lou Nuer. (AP) (28/5/2013 Agência Fides)


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