ÁFRICA/EGITO - Tensões devido aos novos poderes assumidos pelos militares

Quarta, 20 Junho 2012

Cairo (Agência Fides) – Situação tensa no Egito, onde a expectativa pelo anúncio oficial dos resultados da segunda rodada das eleições presidenciais coincide com as notícias sobre as condições de saúde do ex-Presidente Hosni Mubarak, condenado à prisão perpétua por causa da morte de manifestantes durante as rebeliões no ano passado. O ex-Presidente está em coma, hospitalizado, e enquanto isso, correm notícias e desmentidos sobre sua morte.
Na Praça Tahrir, dezenas de milhares de manifestantes se reuniram em protesta contra as emendas introduzidas pelo Supremo Conselho das Forças Armadas (SCAF) na Declaração Constitucional de março de 2011 (norma transitória promulgada depois da renúncia de Mubarak), que amplia os poderes dos militares nos campos legislativo e financeiro.
O SCAF também restituiu à policia militar o poder de prender civis e restabeleceu o Conselho de Defesa Nacional (organismo com amplos poderes que se reúne em caso de emergência). O candidato próximo aos Irmãos Muçulmanos, Mohamed Morsy, afirma ter vencido a segunda rodada das presidenciais, derrotando Ahmed Shafik, visto como expressão dos militares, da burocracia e do mundo industrial, ligado ao regime de Mubarak.
A dissolução do Parlamento, decretada pela Corte Constitucional e a falta de definição dos poderes presidenciais alimentam o temor nas forças islâmicas e também nos grupos liberais que iniciaram a revolta em 2011, que a alta cúpula militar se prepare para atuar um golpe institucional, esvaziando o poder dos organismos eleitos democraticamente.
A Declaração Constitucional de março de 2011 prevê que o SCAF detenha o poder legislativo, também depois da eleição do Presidente, até a eleição de um novo Parlamento. (L.M.) (Agência Fides 20/6/2012)


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