ÁFRICA/SUDÃO - Fortes tensões entre Sudão do Sul e Sudão

Cartum (Agência Fides) – Aumenta a tensão entre Sudão do Sul e Sudão, que continuam a acusar-se mutuamente de recíprocas tentativas de desestabilização. O Ministro da Defesa de Cartum, Abdel-Rahim Mohamed Hussein, acusou o governo do Sudão do Sul de tentar desestabilizar o Sudão do Norte, citando como prova o sequestro de armas provenientes do Sul aos rebeldes do Sudan People Liberation Movement North (SPLM-N), nos Estados do Nilo Azul e do Kordofan do Sul. Estes dois Estados, pertencentes ao Norte, mas confinantes com o Sul, estão no centro de uma disputa territorial entre Cartum e Juba, e estão abalados pelos combates entre as tropas sudaneses e as do SPLM-N. Este último é ligado ao Sudan People Liberation Movement (SPLM), o movimento que combateu pela independência do Sudão do Sul (oficializada em 9 de julho) e que hoje governa o novo País.
O SPLM-N é um dos 4 movimentos rebeldes ativos no Norte do Sudão que em 11 de novembro constituíram o Sudan Revolutionary Front (SRF), aliança que tem o objetivo declarado de derrubar o regime de Cartum, liderado pelo National Congress Party (NCP), e a instalação de um Estado democrático fundado na adesão voluntária e na neutralidade da religião na política. Com efeito, o Sudão é um estado federal que apresenta diversas reivindicações junto ao poder central de Cartum (ligadas principalmente a questões econômicas e de distribuição da riqueza) e onde subsistem controvérsias sobre a aplicação da Xariá como lei do Estado.
Os outros três movimentos fundadores do SRF são Justice and Equality Movement (JEM) e duas das principais facções do Sudan Liberation Movement, respectivamente lideradas por Abdel Wahid Al-Nur (SLM-AW) e Minni Minnawi (SLM-MM). Estes três grupos atuam em Darfur, no oeste do Sudão, em rebelião desde 2003 contra o governo central. A inteligência de Cartum acusou o Sudão do Sul de apoiar a nova aliança rebelde.
Por sua vez, o Sul do Sudão (que tem estrutura federal, como o Norte), acusou Cartum de bombardear algumas áreas do próprio território (circunstância confirmada pela ONU) e apoiar grupos armados que atuam em algumas áreas da Federação meridional. O exército do Sudão do Sul declarou ter confiscado uma série de fuzis provenientes do norte do Sudão, de membros do South Sudan Liberation Movement/Army (SSLM/A), grupo que em 10 de novembro liderou um ataque a tropas militares no Estado de Alto Nilo, no confim com o norte do Sudão. Seja o norte como o Sudão do Sul enviaram reforços militares ao longo do confim comum. (L.M.) (Agência Fides 14/11/2011)