Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Aos ataques dos grupos extremistas hindus, que “têm seus próprios planos”, os cristãos respondem “fazendo o bem”: mais de 33% dos serviços sociais na Índia, no campo da educação e da assistência sanitária, são obras dos cristãos. “Um verdadeiro milagre, se pensamos que os fiéis somam apenas 4% da imensa população”: afirma em uma entrevista à Agência Fides dom Felix Machado, bispo de Vasai, ex subsecretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso, descrevendo um quadro da condição dos cristãos e dizendo-se “confiante” no futuro da Igreja na Índia.
Excelência, a Igreja na Índia está sob ataque?
Em algumas áreas da Índia, alguns grupos extremistas hinduístas programam uma agenda feita de ódio e falsificação de testemunho dos cristãos. Na história da Igreja sempre houve forças que se opuseram à fé. Seremos sempre perseguidos. Quando proclamamos o Evangelho, muitos aceitam a mensagem de Cristo e são batizados, enquanto outros rejeitam. Na Índia nós sabemos bem: a fé cristã está presente desde o tempo dos apóstolos São Tomé e São Bartolomeu, que evangelizaram a nossa terra. Os cristãos de hoje na Índia têm grande consciência e maturidade; não são inimigos de ninguém, desejam construir a paz, a harmonia e reconciliação, não obstante os ataques e a violência.
Quais são as forças e as razões para tamanha violência?
Existem forças externas e forças internas que prejudicam a comunidade cristã. As forças externas são os fundamentalistas hinduístas que difundem sua ideologia e sua agenda. Eles também se encontram na política e nos governo, assim que fazem leis contra a vida ou contra a verdade. Eles atacam os cristãos por razões de política ou econômica. As forças internas, que fazem o mal, somos nós mesmos, quando nós mesmos não vivemos com fidelidade os ensinamentos do Evangelho, ignoramos o tesouro da fé: então cada um de nós cristãos fere a Igreja Cristã.
Como os fiéis respondem à violência?
Nós respondemos a violência com o perdão, nunca com outra violência. Sabemos que o mal se vence com o bem. Fazer vítimas entre os cristãos garante também uma boa publicidade e virar notícia no mundo. Às vezes na base da violência está o desejo de notoriedade.
Os cristãos são uma minoria estimada no país?
São muito estimados. Não obstante os ataques, os cristãos são conhecidos e apreciados em todo o país para completar o trabalho realizado no campo da educação, saúde e serviços sociais. Os cristãos estão engajados a dar dignidade a cada pessoa, uma dignidade que vem de Deus. 33% dos serviços sociais na Índia são obras dos cristãos: não dizemos isso com orgulho, mas agradecendo a Deus. É um milagre se pensamos que somos, no total, 4% da população. Fazemos isso para seguir os ensinamentos de Jesus. Por isso as pessoas são atraídas pela mensagem de Cristo.
Muitas vezes os cristãos são acusados de fazerem "conversões forçadas". O que o senhor diz?
A palavra "conversão" é mal compreendida pelos irmãos fundamentalistas hinduístas. É Deus quem converte um coração, é Deus quem dá a fé. Por isso, a política não pode tocar nessa esfera íntima da consciência. Os cristãos não querem o poder, mas apenas prestar um serviço ser humano, especialmente aos grupos marginalizados e excluídos, aos oprimidos como os dálits e os intocáveis. Por isso também a Igreja é mal vista por aqueles que desejam manter vivo o sistema de discriminação de casta. Gostaria também de dizer que, como cristãos, não podemos deixar de anunciar o Evangelho ... Ai de nós, dizia São Paulo. Devemos ser missionários. A Madre Teresa perguntavam: De onde vem a sua energia? Vem de Jesus, respondia. O cristão é por natureza missionário e faz bem aos outros seguindo o exemplo de Jesus que deu a vida pela humanidade.
Como são as relações entre cristãos e hinduístas?
As relações são excelentes: não há necessidade de dramatizar a presença de grupos fundamentalistas hinduístas, que são barulhentos, mas são uma pequena minoria. Como cristãos, reconhecemos a nossa cultura indiana e antigas tradições, que são um dom de Deus, na base da grande nação indiana. Os grupos radicais hinduístas falsificam esta tradição e manipulam as mentes dos jovens, para criar uma fratura que não existe. Os cristãos estão fazendo de tudo para manter a paz e existem boas relações baseadas no diálogo autêntico. Gostaria de agradecer ao Papa Bento XVI que, com grande clareza doutrinal, nos ensina como fazer o diálogo. Temos profundo respeito para com os fiéis de outras religiões. E estamos confiantes para o futuro. (PA) (Agência Fides 21/9/2011)
