Roma (Agência Fides) - Diversos exércitos e movimentos de guerrilha atuam na região dos Grandes Lagos, que compreende o leste da República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi. Os diversos atores combatem e se aliam de acordo com as circunstâncias em um emaranhado de relações quase sempre sombrias. Para esclarecer a situação, publicamos um breve quadro dos principais grupos atuantes na região.
Interahamwe e ex-FAR (Forces Armées Rwandaises): milícias e pertencentes ao antigo exército ruandês, responsáveis pelo genocídio de 1994 e que se refugiam, há mais de 10 anos, no leste do Congo. Por causa de sua presença em solo congolês, Ruanda enviou tropas ao país vizinho, com o pretexto de se proteger dos ataques de tais milícias.
RCD (Rassemblement Congolais pour la Démocratie): principal grupo de guerrilha congolês, formado por Banyamulenge, tutsis congoleses originários de Ruanda. Este grupo assinou os acordos de paz no ano passado, e alguns de seus expoentes integram o governo de união nacional congolês. Ontem, 2 de setembro, expoentes do RCD membros do governo retomaram suas funções depois de 9 dias de auto-suspensão dos cargos ministeriais, após o massacre de Gatumba. Integram o RCD o coronel Mutebutsi e o general Nkunda, oficiais do novo exército unificado congolês, que lidera um grupo de militares rebeldes que no último verão tentaram conquistar algumas regiões estratégicas do Sul de Kivu.
Mai Mai: Milícias tradicionais congolesas. Desde a última década de 80, em Kivu, estão presentes grupos armados genericamente chamados Mai Mai. Tais grupos combateram contra o RCD e as forças ruandesas na guerra de 1998-2003, recebendo ajudas e abastecimentos do governo de Kinshasa. Algumas formações Mai Mai, porém, aliaram-se ocasionalmente com as forças ruandesas.
FLN (Forças de Libertação Nacional): é o segundo grupo de guerrilha burundinês. É formado essencialmente por hutus e controla toda a região de Bujumbura, capital de Burundi. Até pouco tempo atrás, dispunha de bases também no leste do Congo, aonde realizou ações militares conjuntas com Interahamwe e Mai Mai. O FLN não assinou acordos de paz, como as FDD (Forças para a Defesa da Democracia), principal grupo de guerrilha do Burundi, que integram o governo de transição. (L.M.) (Agência Fides 3/9/2004)