Colombo (Agência Fides) - A República do Sri Lanka (ex-Ceilão), desde 1984, foi afetada por um conflito interétnico, entre a maioria cingalesa (74% da população, de religião budista) e a minoria tamil, de origem indiana (13%, de religião hinduísta). Os mulçumanos são 7% da população, e o restante divide-se em holandeses e indígenas veddah, os primeiros habitantes da ilha, já presentes no século III a.C.
- As raízes do conflito
As raízes do conflito étnico cingalês permeiam a história da ilha: indianos e cingaleses convivem no lugar, que Marco Pólo definiu como “a ilha mais bonita do mundo”, por séculos desde a época colonial, quando Portugal fez daí um entreposto estratégico para o comércio de especiarias (1505). Depois foi a vez dos holandeses e, a em seguida, dos ingleses, que conquistaram o Ceilão em 1815. Exatamente sob o domínio britânico chegaram à ilha muitos tamil, provenientes do Sul da Índia (Estado Tamil Nadu), como trabalhadores sazonais nas plantações de café e chá.
Por vontade da coroa britânica, os tamil estabeleceram-se no Norte e no Leste do país, tornando-se uma forte minoria, preferida pelos dominadores e cada vez mais malvista pelos cingaleses, lembrados dos conflitos com a Índia ao longo da história.
Quando a ilha do Ceilão tornou-se independente (1948) todas as contradições e os ódios estavam prontos a explodir: o governo de Solomon Bandaranaike inaugurou uma política de caráter nacionalista e em 1956 o cingalês torna-se a língua oficial, e o budismo a religião de estado. Na primeira abertura para a minoria tamil, Bandaranaike foi morto por um monge budista (1959) e sua mulher Srimavo ocupa o seu lugar, tornando-se a primeira mulher primeira-ministra do mundo continuou a política do seu antecessor.
- Os primeiros grupos clandestinos nos anos 70
Nos anos Setenta as tensões étnicas eclodiram em todo o seu fervor. Em 1972 o governo do Ceilão muda o nome do país, que passa a ser “Sri Lanka”, promovendo uma série de leis rigidamente nacionalistas, fazendo com que a minoria tamil sinta-se excluída da nação. Nascem assim os primeiros grupos clandestinos (Novos tigres Tamil) para a libertação do Eelam (“pátria” no idioma tamil). Em 1976 começa o movimento armado Liberation Tigers of Tamil Eelam (Ltte) sob a liderança de Vellupilai Prabahkaran, e os tamil também se fazem ouvir na política: em 1977 o partido separatista tamil vence todas as cadeiras na área de Jaffna, a península no noroeste onde se concentram os tamil.
- Os anos 80 e a limpeza étnica
Nos anos 80 o conflito torna-se guerra aberta, com todos os meios: o governo de Colombo implanta uma duríssima repressão que alguns observadores definem como “limpeza étnica”: 65 mil tamil abandonam a ilha em direção à Índia, enquanto se intensifica o conflito com a minoria muçulmana, que sofre o êxodo de 100 mil pessoas.
- A estratégia dos atentados suicidas
As estratégias dos separatistas tamil são do mesmo modo sanguinárias: uma violenta guerrilha impede qualquer tentativa dos governantes de controlar o nordeste do Sri Lanka; vários atentados, também suicidas, espalham o pânico também na capital Colombo.
- A mediação da Índia e o homicídio de Gandhi
Depois do surgimento de algumas áreas controladas pelos tamil, entra em cena também a Índia, fortemente marcada por ambas as facções, com o envio de uma força de peacekeeping que permanece no local até 1990. Por este motivo o premier Rajiv Gandhi foi assassinado em 1991 por um kamikaze tamil.
- Os anos 90 e o cessar-fogo
Nos anos 90, enquanto se via a radicalização do conflito, buscava-se também uma saída para a paz, também como consequência das intervenções internacionais da Grã Bretanha e dos Estados Unidos. A partir de 2000, a Noruega assume a tarefa de mediadora na guerra entre cingaleses e tamil: em 2002, Oslo obtém o resultado de um histórico cessar-fogo, que teria vida breve.
- A ofensiva final
Com a ascensão ao poder do líder Mahinda Rajapaksa, inaugura-se uma nova fase muito violenta: o governo abandona as negociações e inicia uma ofensiva de longo alcance do exército regular, com armamentos, forças naval e terrestre. A partir do início de 2008, em poucos meses, os militares ganham os territórios anteriormente controlados pelos tigres tamil, até o a rendição dos guerrilheiros. As operações causaram um grande número de desabrigados e grande sofrimento para os civis tamil, e a Igreja e as outras Ongs declararam “emergência humanitária”.
O conflito enfraqueceu uma economia já estagnada desde 2001, debilitando um dos grandes recursos que é o turismo. A guerra do Sri Lanka provocou no total cerca de 70 mil mortos e mais de um milhão e meio de desabrigados.
(PA) (Agência Fides 18/5/2009)