Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Harare (Agência Fides) – Mais um impasse na negociação entre o Presidente zimbabuano Robert Mugabe e o líder da oposição Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC). Este último ameaçou boicotar as conversações que deveriam acontecer em 27 de outubro em Harare, capital do Zimbábue e um porta-voz do seu partido declarou que a oposição poderá pedir novas eleições.
Tsvangirai quis assim demonstrar a sua profunda irritação pela retenção do passaporte pelas autoridades do seu País para ir a uma Reunião em Suazilândia, prometida pela SADC (Comunidade de Desenvolvimento e Coordenação da África Austral). Há meses o líder da oposição não consegue obter o passaporte, somente documentos de viagem de emergência, válidos somente para uma saída ao exterior. Os documentos para Suazilândia lhe foram entregues somente no último momento, e sem visto válido para a África do Sul, etapa indispensável para ir a Suazilândia. O MDC rejeitou-os considerando-os um “insulto”, e o seu líder também recusou a oferta de alguns estadistas estrangeiros, que haviam colocado à sua disposição os seus próprios aviões oficiais. Por causa da falta da figura principal da oposição, a reunião foi adiada para 27 de outubro e acontecerá no Zimbábue.
Um porta-voz de Tsvangirai acusou o partido do Presidente, o ZANU-PF, de má-fé: “a insistência do ZANU-PF de conceder a Tsvangirai somente documentos provisórios ameaça o acordo de partilha o poder”. No dia 15 de setembro foi assinado um acordo entre a maioria e a oposição (que incluía, além do movimento de Tsvangirai também uma facção dissidente do MDC) para a formação de um governo de unidade nacional. Surgiram, porém, controvérsias sobre a distribuição dos principais cargos do novo governo, especialmente os Ministérios que controlam o exército e a polícia (ver Fides de 15/10/2008).
A atitude do governo do Zimbábue foi criticada por Jacob Zuma, líder da African National Congress (ANC) sul-africano, que está em Washington para conversar com a Administração Bush. Zuma afirmou ter ficado desconcertado pela retenção do passaporte de Tsvangirai e lançou um apelo, ao lado da Secretaria de Estado norte-americana Condoleezza Rice, para uma aceleração da negociação para fazer com que o Zimbábue saia da crise. Zuma, que é favorito nas eleições presidenciais de 2009, tirou a liderança do maior partido sul-africano do ex-Presidente Thabo Mbeki (que foi obrigado a demitir-se depois das pressões do seu próprio partido), que está mediando entre Mugabe e Tsvangirai. (L.M.) (Agência Fides 2/10/2008)
