Kigali (Agência Fides) – Nos dias em que se realizou, no Canadá, o Encontro de Cúpula da Francofonia, Ruanda que o havia boicotado, declarou que o inglês se tornará a língua oficial da administração pública e nas escolas. O francês, junto com o kinyarwanda, a língua nacional, terá uma função de segundo plano.
A decisão das autoridades ruandesas marca um novo ponto de confronto com a França, sobretudo em relação à sua responsabilidade no genocídio de 1994. Um confronto que conduziu à ruptura das relações diplomáticas entre os dois países. Ruanda, ex-colônia alemã, depois da I Guerra Mundial foi colonizada pelos belgas e entrou na órbita francesa depois da independência. Com a chegada ao poder da nova direção, proveniente da diáspora ruandesa em países anglófonos (Uganda, Quênia, Tanzânia e Estados Unidos), a língua de Shakespeare começou a excluir progressivamente a de Molière.Trata-se de um processo ligado à elite, mas a decisão de tornar o inglês a língua oficial iniciará desde o ensino fundamental e se estenderá à toda população dentro de poucos anos e marcará uma verdadeira ruptura cultural além de política.
O governo ruandês justificou a medida afirmando que o inglês ajudará mais no desenvolvimento do país. Ruanda passou a fazer parte da East African Community, associação econômica dos países da África Oriental (a maior parte anglófonos) e pediu para ser membro da Commonwealth, enquanto deve sair da Organisation internationale e da Francophonie.
A decisão de Kigalli chega no momento em que o Encontro de Cúpula da Francofonia, realizado em Québec, no Canadá, afirmou com determinação a promoção do uso da língua francesa, dando particular atenção à África. As próximas duas reuniões da Francofonia se realizarão em Madagascar, em 2010, e na República Democrática do Congo, em 2012. O presidente congolês, Joseph Kabila, não participou da reunião no Canadá por causa da crise em Kivu, mas conseguiu obter o resultado esperado pela diplomacia de seu país. (L.M) (Agência Fides 21/10/2008)