ÁFRICA - A África tem potencialidades para ser auto-suficiente no campo alimentar

Quarta, 28 Maio 2008

Roma (Agência Fides)- A África poderia produzir todo o alimento necessário para nutrir a sua população, se existissem as condições para isso. É o que emerge de uma conferência organizada pelo Instituto de Relações Internacionais dos Camarões, por ocasião dos Dias da África. Os recursos naturais e agrícolas são abundantes no continente. O que falta são políticas corretas de administração deste patrimônio. Faltam, por exemplo, estradas para permitir aos agricultores transportar seus produtos aos mercados urbanos, e congeladores para conservar os gêneros alimentícios. A estrutura da propriedade agrária africana também está atrasada, como sublinhou um Conselheiro do Primeiro Ministro dos Camarões, que afirmou: “é imperativo impulsionar as empresas agrícolas de dimensões médias. Nos Camarões, dispomos de terrenos agrícolas e mão de obra abundante”.
A colaboração regional entre os países africanos é outro remédio auspiciado pelos especialistas para combater o déficit alimentar do continente. Quando um país atravessa uma emergência alimentar, as organizações humanitárias internacionais, em geral, enviam gêneros alimentícios a partir da Europa ou dos Estados Unidos, enquanto um país vizinho dispõe de alimentos que poderiam ser comprados e distribuídos a um preço inferior. A compra de produtos africanos por parte de organizações como a FAO também poderiam favorecer o crescimento dos mercados e dos agricultores locais. O desenvolvimento da agricultura africana – afirmam os especialistas de diversas organizações humanitárias – é prejudicado pelo fato que os países africanos respeitam os tratados sobre o livre comércio mundial, mas seus concorrentes, não. Os mercados africanos estão abertos à concorrência estrangeira, e seus produtores não recebem subsídios do Estado. Mas os concorrentes são multinacionais de países mais desenvolvidos, que gozam de subsídios e outras formas de incentivos por parte dos Estados ou instituições como a União Européia. Consequentemente, os agricultores africanos são absolutamente capazes de competir com eles, e são levados à falência.
Além disso, diversos países africanos cultivam produtos destinados à exportação (chá, café, cação, etc.), em detrimento da produção de cereais e de outras culturas destinadas às próprias necessidades alimentares, e assim, são obrigados a importar. O dinheiro utilizado para adquirir gêneros alimentícios no exterior poderia ser destinado ao incremento das infra-estruturas agrícolas (poços, aquedutos, estradas, etc.) dos países com déficit alimentar. De 3 a 5 de junho, realizar-se-á em Roma a cúpula da FAO sobre a segurança alimentar, da qual participarão 35 Chefes de Estado e de Governo e uma centena de ministros do Exterior e da Agricultura.
(L.M.) (Agência Fides 28/5/2008)


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