Cartum (Agência Fides) - São mais de 200 as pessoas que perderam a vida no ataque cometido pelo JEM (Movimento para a Justiça e a Igualdade) contra Omdurman, a cidade vizinha à capital sudanesa Cartum (ver Fides 12 e 13/5/2008). É o que divulgaram as autoridades sudanesas. Um primeiro balanço publicado pelo jornal local "Sudan Times" falava de 400 rebeldes e 100 soldados mortos, mas não havia confirmação oficial.
Enquanto o exército regular continua a perseguir as tropas do JEM que conduziu o ataque, o governo de Cartum acusa diversas potências de terem financiado e apoiado a ação dos rebeldes. Além do Chade, alguns expoentes de primeiro plano do governo sudanês acusaram a Líbia que, no entanto, condenou o ataque do JEM), a França (que teria fornecido aos rebeldes fotos de satélites para facilitar os seus movimentos no deserto e escaparem da vigilância do exército regular) e agora Israel (que segundo o Presidente Omar al-Bashir teria financiado a operação). Todas elas acusações a serem comprovadas , apesar de diversos observadores considerarem que o JEM recebeu apoio do exterior.
Uma análise minuciosa foi elaborada por Alex de Waal, um especialista no Sudão, destacando que a ação é conseqüência da personalidade de Khalil Ibrahim, o líder do JEM. Ele, segundo de Waal, estava convicto de poder conquistar Cartum sublevando a parcela da população que é contrária ao regime. Trataria-se, desse modo, de uma ação solitária do JEM, conduzida sem o apoio dos outros grupos armados que se opõem ao governo sudanês e, observa o estudioso, sem o apoio de setores importantes do exército regular (no máximo alguns militares ou talvez alguma pequena unidade teria se unido aos rebeldes). Uma ação que segundo de Waal não teria em nada sido encorajada pelo Presidente chadiano Idriss Deby, o qual, até mesmo, teria tentado desencorajar Ibrahim da ação. Ibrahim, porém, teria recebido o apoio de algumas personalidades do regime chadiano. O Presidente Deby, de fato, tinha a intenção de respeitar o acordo assinado recentemente pelos dois Países em Dacar no Senegal (ver Fides 14/3/2008) que prevê o fim de qualquer apoio aos respectivos movimentos rebeldes.
Outra interpretação dos acontecimentos é a que vê o regime de Cartum aproveitar o ataque do JEM para impor medidas enérgicas contra a oposição. Logo após o ataque, de fato, as forças de segurança prenderam centenas de pessoas na capital. Teriam deixado a tropa rebelde se aproximar propositalmente para poderem aniquilá-la e iniciar a repressão em Cartum e arredores. Uma situação semelhante àquela ocorrida em fevereiro na capital chadiana, N’Djamena, depois do ataque de um grupo rebelde, apoiado, segundo as autoridades locais, pelo Sudão (ver Fides 4/2/2008). (L.M.) (Agência Fides 14/5/2008)