Hargeysa (Agência Fides)- Enquanto o Quênia atravessa a fase mais difícil da sua história recente, aos observadores mais atentos não fugiu o novo significativo gesto para o reconhecimento da Somalilândia por parte do governo norte-americano, com a visita do Subsecretário de Estado para Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, a Hargeysa, a capital da auto-proclamada república que se separou do resto da Somália em 1991. O Presidente da Somalilândia tinha efetuado recentemente uma visita à Grã-Bretanha e aos Estados Unidos (veja Fides 22/1/2008 ).
Segundo alguns comentaristas norte-americanos, está em curso um debate dentro do governo de Washington sobre a oportunidade de reconhecer a Somalilândia, considerada uma ilha de estabilidade no Chifre da África. Alguns analistas chegam a considerar que a crise no Quênia (país central da política ocidental em toda a África oriental) acelerou este processo, fazendo pender a balança em favor daqueles que, no governo americano, vêem com favor o estabelecimento de plenas relações com a república separatista do norte da Somália. Trata-se de um território estratégico para o controle da porta de acesso ao Mar Vermelho e muito próximo da base norte-americana de Djibuti, que poderia, assim, estender a sua profundidade operativa em um país amigo. Caso a instabilidade queniana persista, a busca por novas referências na África oriental se tornaria um imperativo para os Estados Unidos e para os outros Estados que têm interesses na região.
A imprensa local felicita a visita como uma situação vencedora para ambas as partes. Para a Somalilândia, porque a chegada de Frazer rompe o isolamento diplomático do país, eleva o seu perfil internacional e lança um forte sinal a países amigos e adversários sobre a importância de os Estados Unidos aceitarem a Somalilândia. Do ponto de vista norte-americano, sempre segundo a imprensa local, a aproximação à Somalilândia contribui para demonstrar que Washington tem sérias intenções de apoiar as partes somalis moderadas e de querer contribuir aos esforços para restabelecer a democracia na região.
O Somalind Times destaca, a propósito, que Fraser encontrou os representantes de todos os partidos políticos locais, inclusive os da oposição. No decorrer de sua visita, a representante do Departamento de Estado evidenciou não somente os aspectos políticos, mas também aqueles econômicos das relações entre Estados Unidos e a Somalilândia, destacando que na Somalilândia há um ambiente favorável aos investimentos de empresários norte-americanos, porque o governo local pode aderir aos princípios da economia de livre mercado. Além disso, a Somalilândia tem reservas inexploradas de petróleo: uma companhia sueca iniciou contatos com as autoridades locais para obter uma licença para efetuar buscas petrolíferas.
Assim, a África está sempre mais no centro da diplomacia norte-americana, como também demonstra a viagem à África do Presidente norte-americano, George W. Bush, que visitará Benin, Tanzânia, Gana, Ruanda e Libéria.
(L.M.) (Agência Fides 13/2/2008)