Conakry (Agência Fides)- Fecha as portas depois de 18 anos de atividades o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) de Kissidougou, na República da Guiné. “A decisão do ACNUR de fechar o escritório e de pôr fim à sua presença na região de Kissidougou deve-se principalmente ao êxito da operação de repatriação dos refugiados liberianos”, afirma um comunicado da organização da ONU enviado à Agência Fides.
O ACNUR estabeleceu o seu primeiro escritório na área em 1989, inicialmente por um período de oito anos, na cidade de Guékédou, próxima à fronteira com Serra Leoa e com a Libéria. Em dezembro de 1997, por razões de segurança, o escritório foi transferido para Kissidougou, 80 km mais ao norte. Naquele tempo, milhares de refugiados iam para a Guiné, fugindo das guerras civis, que afligiam as vizinhas Serra Leoa e Libéria. Entre março de 2005 e setembro de 2006, o ACNUR assistiu a repatriação de 16 mil refugiados liberianos, num total de 18 mil presentes na região de Kissidougou.
Os restantes 2 mil refugiados, que não eram capazes ou que não queriam repatriar, foram transferidos neste mês para Kouankan, próximo à cidade de Nzérékoré na Guiné sul-oriental. Com mais de 41 mil repatriações assistidas na Libéria, graças à operação do ACNUR, a Guiné se posiciona no topo da lista dos países da África ocidental envolvidos na operação de repatriação dos liberianos, através da qual, a partir de outubro de 2004, voltaram para casa mais de 90 mil pessoas. Neste espaço de tempo, na região de Kissidougou, o ACNUR assistiu milhares de refugiados liberianos e de Serra Leoa alojados em três diversas localidades. O campo de Boreah hospedava somente cidadãos de Serra Leoa e foi fechado no final de 2004.
Prevê-se que todas as atividades no campo de Kountaya se concluirão no decorrer deste final de semana, permitindo assim a partida do ACNUR da região.
Com o fechamento definitivo, o ACNUR doou às comunidades locais, que ajudaram por tantos anos os refugiados, cerca de 3.600 artigos, entre os quais equipamentos médicos, uniformes escolares, móveis e máquinas de costurar. O fechamento do escritório em Kissidougou permitirá ao ACNUR racionalizar e consolidar os seus recursos financeiros e humanos na Guiné. O país hospeda ainda cerca de 39 mil refugiados, sendo mais de 30 mil liberianos. Os outros provêm de Serra Leoa e da Costa do Marfim. A maioria da população de refugiados ainda na Guiné se encontra em campos situados na fronteira guineana com Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim, enquanto cerca de nove mil pessoas se encontram na capital, Conakry. (L.M.) (Agência Fides 2/10/2006)