Dili (Agência Fides) - Um gesto de clemência para reforçar a reconciliação nacional: é o sentido do decreto emitido pelo Presidente de Timor Leste, Xanana Gusmão, que reduziu a sentença de três militares indonésios condenados pelo Tribunal especial de Dili pelo massacre de 1999, época do plebiscito que marcou a independência de Timor Leste da Indonésia.
Trata-se de “um gesto simbólico de perdão” - disse o presidente, por ocasião do segundo aniversário da independência da pequena República. No massacre de Los Palos, do qual são acusados os três militares, morreram também um sacerdote católico e duas religiosas. A Corte de Dili, Special Panel for Serious Crimes, sob a égide das Nações Unidas, acusou mais de 380 pessoas. A maior parte delas, entre as quais o general Wiranto, hoje candidato à presidência da Indonésia, encontra-se na Indonésia, e recusam a extradição.
O empenho para a reconciliação nacional de Timor Leste foi recentemente citado pelo novo Bispo de Dili, Dom Alberto Ricardo da Silva, que disse à Fides: “A Igreja sempre trabalhou por isso, especialmente em momentos de dificuldade e crise. Hoje, precisamos de um esforço maior para oferecer à jovem democracia timorense bases sólidas de harmonia e paz”. Dom Da Silva, nomeado pelo Santo Padre em 27 de fevereiro passado, recebeu a Ordenação Episcopal em 2 de maio, numa solene celebração, na Catedral de Dili.
“No futuro de Timor Leste - destacou Dom Da Silva - vejo uma grande esperança, apesar das dificuldades que a nação encontra nesta fase de transição. Há otimismo e confiança no futuro, especialmente entre os jovens, que constituem uma grande parte da população. Também a Igreja está crescendo, como se vê com as novas vocações, florescentes. Isto nos conforta e nos encoraja”.
Milhares de pessoas fugiram de Timor Leste na seqüência das violências de setembro de 1999, depois do plebiscito sobre a secessão e as desordens entre independentistas e militares indonésios. Muitos retornaram a Timor Leste, outros permanecem na Indonésia, com medo de represálias, por terem apoiado os indonésios. Por isso, o processo de reconciliação em Timor Leste continua difícil: atualmente, um tribunal especial, sob a égide da ONU, está processando os responsáveis dos massacres.
A República Democrática de Timor Leste nasceu oficialmente em 20 de maio de 2002, depois de um período de administração transitória das Nações Unidas. Com 95% de seus cidadãos de fé católica, Timor Leste é a nação asiática com a mais alta concentração de fiéis. A Igreja desempenha um papel muito importante na formação das consciências da cidadania timorense. Hoje, a nação está comprometida em uma “diálogo nacional”, sobre temas de justiça e reconciliação. Estão envolvidos membros do Parlamento, organizações sociais e políticas, representantes da comunidade católica. A Igreja local sempre destacou a necessidade do “perdão na verdade e na justiça”, como base para reforçar a unidade nacional. (PA) (Agência Fides 25/5/2004)