ÁFRICA/SUDÃO - Três dias de jejum e orações para pedir o dom da paz no Estado sudanês da Equatoria ocidental

Kartoum (Agência Fides)- “As pessoas são tristes, as pessoas estão zangadas, há muito medo e ninguém quer ir para casa. Devemos dar coragem às pessoas. Devemos nos dirigir a Deus, para amá-lo e para descobrir a si mesmo à luz dos ensinamentos de Deus” disse à Sudan Catholic Radio Dom Edward Hiiboro Kussula, Bispo de Tombura-Yambio (Sul do Sudão), explicando o significado dos três dias de jejum e de oração estabelecidos pela comunidade católica do Estado de Western Equatoria (um dos Estados do sul do Sudão), para pedir a paz na atormentada região sul - sudanesa.
Na região, agem os guerrilheiros ugandenses do Exército de Resistência do Senhor (LRA), que fazem atrocidades contra a população desarmada. As organizações humanitárias que atuam na área denunciam que mulheres e crianças são, deliberadamente, alvos dos guerrilheiros. “Os violentos conflitos são diferentes dos tradicionais ataques ao gado que normalmente ocorrem todos os anos. Mulheres e crianças, normalmente poupadas nessas disputas, agora são deliberadamente um alvo e o número de mortos é superior ao número de feridos” afirma uma declaração do responsável pela Médecins Sans Frontières no sul do Sudão. “Esta é uma novidade: a intenção é atacar um vilarejo e matar. O resultado é uma população que vive no medo total, com grandes necessidades humanitárias e médicas. Esta combinação de ataques violentos em toda a região agrava a já desastrosa situação humanitária das populações do Sul do Sudão” acrescenta o comunicado.
Pelo menos 140.000 pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas por causa dos conflitos entre comunidades nos Estados de Jonglei, Upper Nile e Lake. Diversos ataques do LRA nos Estados equatoriais obrigaram mais de 65.000 pessoas a fugir.
Os três dias de jejum e de oração encerram-se com uma marcha de 20 km de Nzara a Yambio, guiada por Dom Hiiboro e pelo Bispo Peter Munde da Igreja Episcopal do Sudão, da qual participaram centenas de fiéis.
"Estamos convencidos de para falar de paz devemos antes acalmar a nós mesmos, devemos entender a nós mesmos" disse Mons. Hiiboro, acrescentando que a oração e o jejum foram uma ocasião de renovação e de promoção da cultura de paz.
Irmã Giovanna Calabria, Superiora das irmãs Combonianas em Nzara, que participaram da conclusão da marcha em Yambio, disse que foi uma experiência muito comovente ver todas aquelas pessoas, descalças e vestidas com velhos panos sujos como símbolo de penitência, pedirem o perdão e o dom da paz.
O governador de Western Equatoria, Jemma Nunu Kumba, que participou da manifestação, junto com outros funcionários e uma delegação do Estado de Juba. Os representantes de Juba prometeram levar a questão da insegurança à Western Equatoria para atenção da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão. (L.M.) (Agência Fides 7/9/2009)