Islamabad (Agência Fides) – Continua sem parar o movimento dos deslocados paquistaneses que fogem do vale de Swat para buscar abrigo e não ser vítima dos combates entre o exército regular e milicianos talibãs, que abalam a região.
A Igreja, a Caritas e outras organizações e associações católicas mobilizaram-se para a assistência, tanto nos territórios adjacentes ao distrito de Swat, como nas cidades de Islamabad e Rawalpindi, onde os deslocados continuam a chegar: estão em busca de um local seguro para acampar, na expectativa de poderem voltar para casa, uma vez cessados os combates que, segundo o chefe das Forças Armadas paquistanesas poderiam durar por pelo menos três meses.
“A situação é ainda muito confusa e é difícil na prática conseguir organizar ajudas para esta grande massa de pessoas em extrema dificuldade”, afirma uma fonte da Fides na Igreja local, que pede o anonimato por motivos de segurança. “É preciso ficar muito atento: não se trata somente de uma tragédia humanitária: estamos no meio de um conflito que pode piorar a qualquer momento”, acrescenta com preocupação. A tensão é visível: são grupos fundamentalistas, deslocados reduzidos ao extremo de suas forças e ao limite do desespero, as pessoas das cidades que se sentem repentinamente “invadidas por uma onda gente em condições de extrema miséria”, a polícia que, para manter a ordem pública, está transferindo os deslocados para novos locais. Tudo isso configura uma situação potencialmente explosiva, “por isso, é fundamental agir com extrema prudência”, observa a fonte da Fides.
Mas as ajudas de emergência são escassas e na capital Islamabad não foram tomadas medidas para acolher essa gente: o empenho da Igreja procura, então, também preencher o vazio das instituições públicas.
Enquanto isso, os civis em fuga dos conflitos no Noroeste do Paquistão são mais de dois milhões, dos quais 1,4 milhões desde 2 maio: foi o que anunciou em Genebra o Alto Comissário da Onu para os refugiados (Acnur) Antonio Guterres, ao retornar de uma missão no local. Segundo o Acnur, trata-se de uma das crises mais dramáticas dos últimos tempos. “Há muito tempo não viam um êxodo semelhante. É preciso lembrar-se de 1994 em Ruanda. Trata-se de um número imenso de pessoas”, disse Ron Redmond, porta-voz da agência da Onu. Nesse caso específico, “um total de 1.454.377 pessoas (como deslocados internos, ndr) desde 2 de maio”, diz o Acnur. “Esses desabrigados somam-se aos 553.916 deslocados internos já registrados na província da fronteira do noroeste desde agosto de 2008”, o que eleva para 2.008.293 o número total de desabrigados, acrescenta a agência da Onu. “Deixar a população sem ajuda poderia ser um enorme fator de desestabilização”, alertou Guterres. (PA) (Agência Fides 19/5/2009)