VATICANO - Carta do Santo Padre Bento XVI por razão do início das celebrações em homenagem ao missionário jesuíta Pe. Matteo Ricci, “modelo de profícuo encontro entre a civilização européia e chinesa”

Segunda, 18 Maio 2009

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - O Santo Padre Bento XVI enviou uma mensagem ao bispo de Macerata, Dom Cláudio Giuliodori, por ocasião do início das celebrações para comemorar o IV Centenário da morte do missionário jesuíta Matteo Ricci, que nasceu em 1522 nessa diocese. Publicamos a seguir o texto integral da Mensagem do papa.

Ao venerado irmão Cláudio Giuliodori
Bispo de Macerata, , Tolentino, Recanati, Cingoli e Treia
Soube com alegria que nesta diocese estão sendo programadas várias iniciativas para comemorar, no âmbito eclesial e civil, o IV Centenário da morte de Pe. Matteo Ricci da Companhia de Jesus, em Pequim, em 11 de maio de 1610. Por ocasião da abertura deste especial ano jubilar, quis enviar ao Senhor e à sua comunidade diocesana a minha saudação cordial.
O jesuíta Matteo Ricci, nasceu em Macerata em 6 de outubro de 1552, dotado de profunda fé e extraordinária capacidade cultural e científica, dedicou longos anos de sua existência a construir um diálogo entre o ocidente e oriente, conduzindo contemporâneo uma incisiva ação de arraigar o Evangelho na cultura do grande povo da China. O seu exemplo permanece também hoje como modelo de profícuo encontro entre a civilização européia e a chinesa.
Me uno às pessoas que lembram esse generoso filho de sua terra, obediente ministro da Igreja e intrépido e inteligente mensageiro do Evangelho de Cristo. Considerando a sua intensa atividade científica e espiritual, não se pode não permanecer favoravelmente atingidos pela inovada e peculiar capacidade que ele teve de conhecer, com pleno respeito, as tradições culturais e espirituais chinesas em seu conjunto. Foi esse comportamento que caracterizou a sua missão que visava buscar a harmonia entre a nobre e milenária civilização chinesa e a novidade cristã, que é fermento de libertação e de autêntica renovação dentro de cada sociedade, sendo o Evangelho, mensagem universal de salvação, destinado a todos os homens pertencentes a qualquer contexto cultural e religioso.
O que ainda tornou original e, podemos dizer, profético o seu apostolado, foi a profunda simpatia que nutria pelos chineses, pela sua história, pelas suas culturas e tradições religiosas. Basta recordar o seu Tratado sobre a amizade (De amicitia – Jiaoyoulun), que teve um grande sucesso desde as primeiras edições em a Nanchino em 1595. Modelo de diálogo e de respeito pelas outras crenças, Matteo Ricci fez da amizade o estilo de seu apostolado durante os 28 anos que viveu na China. A amizade que ele oferecia era correspondida pelas populações locais graças ao clima de respeito e de estima que ele buscava cultivar, preocupando-se em conhecer sempre melhor as tradições da China daquele tempo. Não obstante as dificuldades e as incompreensões que encontrou, Padre Ricci, quis se manter fiel, até a morte, a este estilo de evangelização, atuando, se podemos dizer, uma metodologia científica e uma estratégia pastoral baseada, por um lado, no respeito dos costumes do local que os neófitos chineses não deveriam abandonar quando abraçavam a fé cristã, e por outro a consciência que a Revelação podia ainda mais valorizá-las e completá-las. E foi a partir destas convicções que ele, como tinham feito os Padres da Igreja no encontro do Evangelho com a cultura greco-romana, baseou o seu iluminado trabalho de inculturação do cristianismo na China, buscando uma sintonia como os valores daquele país.
Desejo que as festividades desse evento em sua homenagem, encontros, publicações, mostras, encontros e outros eventos culturais na Itália e na China, ofereçam oportunidade de aprofundar o conhecimento de sua personalidade e de sua atividade. Seguindo o seu exemplo, possam as nossas comunidades dentro das quais convivem pessoas de várias culturas e religiões, crescerem no espírito de acolhida e de respeito recíproco. A recordação deste nobre filho de Macerata seja também motivo para os fiéis desta comunidade diocesana para reforçar a sua escola desse ilustre missionário que deve animar a vida de todo autêntico discípulo de Cristo.
Venerável Irmão, ao formular meus votos de pleno sucesso das celebrações jubilares previstas a partir do próximo dia 11 de maio, asseguro minhas orações e invoco a intercessão de Maria, Rainha da China, envio de coração a minha Bênção ao Senhor e a todos os fiéis de sua diocese.
Do Vaticano, 6 de maio de 2009
Bento XVI
(Agência Fides 18/5/2009)


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