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Yangon (Agência Fides) – São as crianças as primeiras vítimas do conflito civil em Mianmar entre soldados do exército, liderado pela junta militar que governa o país, e os grupos de guerrilheiros pertencentes às minorias étnicas perseguidas pelo regime. É o que afirma o detalhado relatório de título “No more denial”, publicado recententemente pela organização não-governamental Watchlist on children and armed conflict. O divulgado foi divulgado coincidindo com o primeiro aniversário da passagem do ciclone Nargis, que chamou a atenção da imprensa internacional para o país.
Watchlist realizou um monitoramento capilar em diversas áreas periféricas de Mianmar, principalmente entre os grupos étnicos de minoria que são perseguidos pelo exército birmanês. O relatório documenta centenas de casos de crianças assassinadas, violentadas, sequestradas, exploradas, obrigadas a se deslocarem.
Existe também o trágico fenômeno das crianças-soldado, do qual Mianmar detém o triste recorde nas classificações mundiais, enquanto que à maior parte da infância é negado o acesso à educação, aos tratamentos médicos, às ajudas humanitárias. “A comunidade internacional tem o dever de intervir e não pode ficar em silêncio diante dessas violações”, ressalta o documento.
Os responsáveis são tanto as forças armadas do governo, quanto os grupos guerrilheiros: as crianças são exploradas pelos combatentes, para trabalhos forçados, para preparar os campos minados, enquanto diversas escolas continuam ocupadas por soldados e tornaram-se postos militares.
Devido a essa situação, a taxa de mortalidade infantil é altíssima: uma criança em cinco morre antes de completar cinco anos de idade, observa o Relatório, assinalando que esse dado é comparável ao registrado nos piores cenários de guerra do planeta, como na República Democrática do Congo.
Além disso, 700.000 crianças ainda precisam de assistência de longo período, nas áreas atingidas pelo ciclone Nargis, onde as condições de vida ainda voltaram à normalidade.
Watchlist pede às Nações Unidas para fazer pressões sobre o governo birmanês para que proteja as crianças e permita às organizações não-governamentais atuar na área para a recuperação, a assistência e a escolarização da infância desrespeitada. (PA) (Agência Fides 12/5/2009)
