Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Colônia (Agência Fides) – Entrevista a um imigrante clandestino filipino
Estou numa sala inferior de uma igreja em Colônia, onde se reúne geralmente uma grande comunidade filipina. Todos querem contar a sua história. A viagem, as humilhações, as dívidas que ainda não terminaram de pagar para chegar até aqui. Ameaças e chantagens, e também se agora muitos foram regularizados, querem manter o anonimato. Todos chegaram através de ‘Agências’, que na verdade são organizações criminosas do tráfico de imigrantes.
Agência Fides: Viajei nas Filipinas e conheço a pobreza e as dificuldades em relação ao trabalho, para mandar os filhos à escola, a corrupção e a miséria e entendo porque ela quis vir à Europa. Provavelmente, quer permanecer no anonimato porque ali têm ainda parentes que deseja trazer aqui de qualquer modo, até mesmo através da ‘Agência’, que pede dinheiro, muito dinheiro. A dívida continua. É assim?
Sim! É exatamente como o senhor disse. Chegar aqui na Alemanha foi um grande, grande sacrifício, permanecer ilegal, sem documento. Foi muito difícil. Vivi sempre honestamente, mas também quando encontrava trabalho, no início me tratavam como um escravo, eu não falava a língua. Não entendia. Às vezes fazia, certamente, coisas erradas, mas não entendendo a língua acontecia que fazia o oposto daquilo que me diziam. Mas eu agia sem maldade. Também eles sabiam que eu não entendia, mas da parte deles, dos meus patrões, não tinha nenhuma compreensão. Teria até mesmo voltado para casa, nas Filipinas, mas tinha ainda a dívida para pagar que aumentava, porque não conseguia pagar. Não obstante tudo isso, fui avante, pensava na minha família e no futuro de meu filho.
Agência Fides: Mas, se quiser, repito, se quiser, pode nos dizer quanto pagou à ‘Agência’ e quanto se paga ainda hoje?
Quando finalmente encontrei um trabalho verdadeiro, porque não tinha documento, continuava a ter problemas, menos do que no início, também porque estava restituindo o dinheiro à Agência. O medo se ser repatriado e depois o medo de ameaças. Passaram-se anos a fim de que eu encontrasse de novo a serenidade. Agora pretendo trazer minha família, porque agora estou regular, não sou mais clandestino. Tem quem me diz que devo utilizar a ‘Agência’, mas eu não quero. Foi uma experiência terrível. Retomei graças às atividades que fazemos nesta comunidade, graças á fé, à fé em Deus que é grande, consigo e conseguimos ir em frente. Agora estou feliz, porque sei que onde eu for, Deus está comigo.
Agência Fides: Sim, mas ainda não me respondeu sobre a Agência...
Paguei de cinco a seis mil euros, mas agora deve custar mais... Talvez ... 10.000 euros, é muito perigoso, muito perigoso. (De Colônia, Luca de Mata) (Agência Fides 23/12/2008)
